A presidenta Dilma Rousseff (PT) divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira 3 para rebater o artigo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou nos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo no último domingo (2). Na nota, Dilma faz uma defesa firma do legado deixado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que consiste numa “herança bendita” segundo Dilma.
Em seu artigo, FHC afirma que Lula deixou a Dilma uma “herança pesada” constituída por dois eixos. O primeiro é “moral” e envolve, segundo FHC, o chamado “mensalão” e as demissões de ministros, muitos indicados por Lula, feitas por Dilma após casos de corrupção no início de seu governo. O segundo eixo, diz FHC, é o econômico. O tucano critica Lula por não ter feito reformas num momento de bons ventos econômicos, como a da Previdência, pelos atrasos na transposição do São Francisco, da Transnordestina e também pelos altos investimentos feitos na construção de estaleiros para a Petrobrás, que segundo a FHC não “fazem jus” à celebração feita pelo governo.
Em sua resposta, Dilma diz ter recebido um país com “economia sólida, crescimento robusto, inflação sob controle” e ataca FHC por este ter realizado uma mudança constitucional em 1997 para se perpetuar no poder, projeto que acabou consolidado nas eleições de 1998. Segundo Dilma, Lula é “um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse”, “um exemplo de estadista”. Dilma encerra a resposta dizendo que “não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história.”
Confira a íntegra da nota:
Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
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