sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Cidade de Deus, dez anos depois
Ao inovar na abordagem da temática das favelas, o filme de Fernando Meirelles mudou a história do cinema brasileiro
- Beatriz Mendes, na CartaCapital
Fugindo de um grupo de homens fortemente armados, uma galinha corre pelas ruas estreitas de uma favela. Buscapé, um jovem comum que sonha em ser fotógrafo, recebe a ordem do líder do bando para que capture a ave. Camburões da polícia militar adentram o local. Menino e galinha se vêem acuados em meio a um tiroteio: mais uma vez o cerco estava fechado na Cidade de Deus.
Nessa quinta-feira 30 faz exatos dez anos da estréia do filme de Fernando Meirelles e Katia Lund. E se a antológica “fuga da galinha” ainda persiste no imaginário nacional, não é somente essa cena que faz de Cidade de Deus uma produção memorável. Em poucas semanas depois de seu lançamento, mais de três milhões de espectadores foram levados às salas de cinema brasileiras. A temática do filme e a técnica utilizada pelos diretores agradaram crítica e público, fazendo dele uma referência cultural, social e política no País.
“É um filme que mudou a história do nosso cinema. Isso é um fato”, acredita André Gatti, professor da faculdade de cinema da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo. “Foram vários investimentos de ordem técnica e a questão da dramaturgia. Foi um filme muito bem elaborado do ponto de vista da concepção do projeto, algo que é incomum no Brasil porque custa muito e demanda tempo”, explica.
De acordo com ele, grande parte da importância do Cidade de Deus se deve à sua pós-produção. “Pela primeira vez um filme de longa-metragem passou por um processo de pós-produção, algo que só era comum na publicidade. Até então isso nunca tinha sido feito, até porque uma coisa é você fazer uma peça de pouco mais de 30 segundos, outra é fazer um longa-metragem de mais de duas horas”, afirma o professor.
Gatti também ressalta a grande contribuição do longa para o aprimoramento da dramaturgia cinematográfica no Brasil. Os diretores fizeram um trabalho com os próprios moradores da comunidade, recrutando pessoas que participavam de oficinas de teatro do Nós no Morro. “Esse foi um método que a Katia Lund desenvolveu, aproveitando uma experiência que estava em andamento com o pessoal do Nós do Morro. Não é a toa que ele trabalhou com o Seu Jorge, porque ele também foi um sujeito que quando era mais jovem passou por esse processo de socialização pelo teatro”, conta.
Cidade de Deus abriu as portas do mercado internacional para Fernando Meirelles. O filme foi indicado a quatro Oscars, nas categorias de melhor direção (Fernando Meirelles), roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (César Charlone) e edição (Daniel Rezende). “Para se ter uma ideia, é a única produção brasileira que tem um livro estrangeiro totalmente dedicado a ela”. A publicação a que o professor se refere é City of God in Several Voices – Brazilian Social Cinema as Action, publicado na Inglaterra. “Filmes como Cidade de Deus, Central do Brasil e Tropa de Elite são exemplos de uma cinematografia que o público estrangeiro aprecia. Essas três produções deram uma visibilidade para o cinema brasileiro, algo de que, na época, ele estava carente, esse é um grande legado”, arremata.
“Estética da fome”
Apesar da inegável evolução técnica e do desenvolvimento de uma narrativa moderna de cinema de ação, para o professor, a principal contribuição de Cidade de Deus se dá do ponto de vista de sua temática, na medida em que a abordagem deixou de ser paternalista. “É um filme bastante complexo pelo fato da denúncia social, de trabalhar com as questões adversas em que vivia aquela comunidade”, diz.
Contudo, na época em que foi lançado, algumas polêmicas surgiram a respeito dessa abordagem. Para Ivana Bentes, crítica e professora de cinema, o filme se enquadrava no que ela chamou de “cosmética da fome”, uma vez que embeleza a miséria. Gatti não concorda com essa tese. “A Ivana criou essa polêmica que foi um tanto datada. Ela dizia que o filme não era uma denúncia da miséria, mas sim uma glamourização, o que não é bem verdade. Porque o roteiro foi inspirado em um texto que foi escrito por uma pessoa que vivia naquela comunidade e que fez um relato fiel daquela realidade. Nas próprias palavras do Paulo Lins, autor do livro, aquela era a ‘visão do ocupado e não do ocupante”, argumenta.
- Beatriz Mendes, na CartaCapital
Fugindo de um grupo de homens fortemente armados, uma galinha corre pelas ruas estreitas de uma favela. Buscapé, um jovem comum que sonha em ser fotógrafo, recebe a ordem do líder do bando para que capture a ave. Camburões da polícia militar adentram o local. Menino e galinha se vêem acuados em meio a um tiroteio: mais uma vez o cerco estava fechado na Cidade de Deus.
Nessa quinta-feira 30 faz exatos dez anos da estréia do filme de Fernando Meirelles e Katia Lund. E se a antológica “fuga da galinha” ainda persiste no imaginário nacional, não é somente essa cena que faz de Cidade de Deus uma produção memorável. Em poucas semanas depois de seu lançamento, mais de três milhões de espectadores foram levados às salas de cinema brasileiras. A temática do filme e a técnica utilizada pelos diretores agradaram crítica e público, fazendo dele uma referência cultural, social e política no País.
“É um filme que mudou a história do nosso cinema. Isso é um fato”, acredita André Gatti, professor da faculdade de cinema da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo. “Foram vários investimentos de ordem técnica e a questão da dramaturgia. Foi um filme muito bem elaborado do ponto de vista da concepção do projeto, algo que é incomum no Brasil porque custa muito e demanda tempo”, explica.
De acordo com ele, grande parte da importância do Cidade de Deus se deve à sua pós-produção. “Pela primeira vez um filme de longa-metragem passou por um processo de pós-produção, algo que só era comum na publicidade. Até então isso nunca tinha sido feito, até porque uma coisa é você fazer uma peça de pouco mais de 30 segundos, outra é fazer um longa-metragem de mais de duas horas”, afirma o professor.
Gatti também ressalta a grande contribuição do longa para o aprimoramento da dramaturgia cinematográfica no Brasil. Os diretores fizeram um trabalho com os próprios moradores da comunidade, recrutando pessoas que participavam de oficinas de teatro do Nós no Morro. “Esse foi um método que a Katia Lund desenvolveu, aproveitando uma experiência que estava em andamento com o pessoal do Nós do Morro. Não é a toa que ele trabalhou com o Seu Jorge, porque ele também foi um sujeito que quando era mais jovem passou por esse processo de socialização pelo teatro”, conta.
Cidade de Deus abriu as portas do mercado internacional para Fernando Meirelles. O filme foi indicado a quatro Oscars, nas categorias de melhor direção (Fernando Meirelles), roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (César Charlone) e edição (Daniel Rezende). “Para se ter uma ideia, é a única produção brasileira que tem um livro estrangeiro totalmente dedicado a ela”. A publicação a que o professor se refere é City of God in Several Voices – Brazilian Social Cinema as Action, publicado na Inglaterra. “Filmes como Cidade de Deus, Central do Brasil e Tropa de Elite são exemplos de uma cinematografia que o público estrangeiro aprecia. Essas três produções deram uma visibilidade para o cinema brasileiro, algo de que, na época, ele estava carente, esse é um grande legado”, arremata.
“Estética da fome”
Apesar da inegável evolução técnica e do desenvolvimento de uma narrativa moderna de cinema de ação, para o professor, a principal contribuição de Cidade de Deus se dá do ponto de vista de sua temática, na medida em que a abordagem deixou de ser paternalista. “É um filme bastante complexo pelo fato da denúncia social, de trabalhar com as questões adversas em que vivia aquela comunidade”, diz.
Contudo, na época em que foi lançado, algumas polêmicas surgiram a respeito dessa abordagem. Para Ivana Bentes, crítica e professora de cinema, o filme se enquadrava no que ela chamou de “cosmética da fome”, uma vez que embeleza a miséria. Gatti não concorda com essa tese. “A Ivana criou essa polêmica que foi um tanto datada. Ela dizia que o filme não era uma denúncia da miséria, mas sim uma glamourização, o que não é bem verdade. Porque o roteiro foi inspirado em um texto que foi escrito por uma pessoa que vivia naquela comunidade e que fez um relato fiel daquela realidade. Nas próprias palavras do Paulo Lins, autor do livro, aquela era a ‘visão do ocupado e não do ocupante”, argumenta.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Leci Brandão + Pedro Bigardi: essa dupla dá samba
A cantora e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) veio a Jundiaí no último dia 29 para contribuir com as propostas de governo dos candidatos Pedro Bigardi (prefeito) e Durval Orlato (vice-prefeito). Na cidade, Leci participou de duas reuniões com representantes do segmento cultural.
Em encontro com a Liga das Escolas de Samba de Jundiaí, ela salientou a importância do investimento na cultura popular da cidade. “É preciso investir na cultura popular, pois ela desenvolve e dá melhores condições às pessoas. Os projetos têm de ser feitos durante todo o ano, não somente no Carnaval. Temos de incluir permanentemente, com apoio e vontade”, afirmou a deputada.
Leci participou também de um debate sobre cultura no Ateliê Casarão. No evento, a cantora debateu com os participantes a necessidade de uma maior valorização do artista jundiaiense e elogiou as propostas de Bigardi para a área, como por exemplo, a criação de espaços culturais, hoje restritos ao centro, nos bairros. "Aprendo muito diariamente com ele na Assembleia Legislativa e tenho a certeza de que Pedro Bigardi será um bom governante para Jundiaí".
Leci Brandão tem papel destacado no segmento cultural, como artista é consagrada uma das maiores sambistas do país, como deputada estadual tem na cultura sua principal bandeira. Ela também integra a Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em encontro com a Liga das Escolas de Samba de Jundiaí, ela salientou a importância do investimento na cultura popular da cidade. “É preciso investir na cultura popular, pois ela desenvolve e dá melhores condições às pessoas. Os projetos têm de ser feitos durante todo o ano, não somente no Carnaval. Temos de incluir permanentemente, com apoio e vontade”, afirmou a deputada.
Leci participou também de um debate sobre cultura no Ateliê Casarão. No evento, a cantora debateu com os participantes a necessidade de uma maior valorização do artista jundiaiense e elogiou as propostas de Bigardi para a área, como por exemplo, a criação de espaços culturais, hoje restritos ao centro, nos bairros. "Aprendo muito diariamente com ele na Assembleia Legislativa e tenho a certeza de que Pedro Bigardi será um bom governante para Jundiaí".
Leci Brandão tem papel destacado no segmento cultural, como artista é consagrada uma das maiores sambistas do país, como deputada estadual tem na cultura sua principal bandeira. Ela também integra a Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Copom corta Selic em meio ponto, mas já sinaliza 'parcimônia' com crescimento econômico
Como já era previsto, a taxa básica de juros caiu para 7,5% na reunião da Comissão de Política Monetária do Banco Central. É a nona queda consecutiva desde agosto do ano passado
- Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu hoje (29) a taxa básica de juros da economia brasileira em meio ponto percentual. A chamada taxa Selic caiu de 8% para 7,5%, como já era esperado pelos agentes financeiros.
Foi a nona queda consecutiva desde agosto do ano passado, quando a Selic estava em 12,5%. De lá para cá houve seis reduções de 0,5 ponto percentual. Nas reuniões de março e abril deste ano, o Copom baixou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, cada vez.
Desta vez, os diretores do Banco Central optaram por um comunicado um pouco mais extenso do que vinha sendo emitido nos últimos meses. "Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia", informam.
A reunião do Copom é realizada sempre em duas etapas, na terça e na quarta-feira. No primeiro dia, os chefes de departamentos do Banco Central expõem as expectativas de cada área, no Brasil e no exterior, e no dia seguinte os diretores do banco discutem os rumos da política monetária e seu impacto na inflação. Só aí decidem a conveniência de mexer na taxa em vigor, e o anúncio é feito em seguida, sempre depois do fechamento do mercado.
Nos últimos 12 meses, completados em julho, a Selic diminuiu 4,5 pontos percentuais, equivalentes a 36%. É a taxa mais baixa da história do Copom, criado em junho de 1996. A medida provocou alterações na fórmula de rendimento da caderneta de poupança. Se depender das apostas dos analistas financeiros, e com a queda de hoje, a taxa deve encerrar o ano em 7,25%.
Há indefinição, porém, em relação à manutenção da política monetária nas reuniões futuras do Copom, uma vez que a atividade econômica dá sinais de reaquecimento. No boletim Focus divulgado na última segunda-feira, os analistas elevaram, pela sétima semana seguida, a perspectiva de inflação em 2012 para 5,19%, distanciando-se do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Com informações da Agência Brasil
- Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu hoje (29) a taxa básica de juros da economia brasileira em meio ponto percentual. A chamada taxa Selic caiu de 8% para 7,5%, como já era esperado pelos agentes financeiros.
Foi a nona queda consecutiva desde agosto do ano passado, quando a Selic estava em 12,5%. De lá para cá houve seis reduções de 0,5 ponto percentual. Nas reuniões de março e abril deste ano, o Copom baixou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, cada vez.
Desta vez, os diretores do Banco Central optaram por um comunicado um pouco mais extenso do que vinha sendo emitido nos últimos meses. "Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia", informam.
A reunião do Copom é realizada sempre em duas etapas, na terça e na quarta-feira. No primeiro dia, os chefes de departamentos do Banco Central expõem as expectativas de cada área, no Brasil e no exterior, e no dia seguinte os diretores do banco discutem os rumos da política monetária e seu impacto na inflação. Só aí decidem a conveniência de mexer na taxa em vigor, e o anúncio é feito em seguida, sempre depois do fechamento do mercado.
Nos últimos 12 meses, completados em julho, a Selic diminuiu 4,5 pontos percentuais, equivalentes a 36%. É a taxa mais baixa da história do Copom, criado em junho de 1996. A medida provocou alterações na fórmula de rendimento da caderneta de poupança. Se depender das apostas dos analistas financeiros, e com a queda de hoje, a taxa deve encerrar o ano em 7,25%.
Há indefinição, porém, em relação à manutenção da política monetária nas reuniões futuras do Copom, uma vez que a atividade econômica dá sinais de reaquecimento. No boletim Focus divulgado na última segunda-feira, os analistas elevaram, pela sétima semana seguida, a perspectiva de inflação em 2012 para 5,19%, distanciando-se do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Com informações da Agência Brasil
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Xingu, a aldeia global
Os índios do Parque Nacional descobriram o facebook. Quase todos os jovens da reserva têm perfil na rede social
- por Cynara Menezes, na CartaCapital
Os índios do Parque Nacional do Xingu descobriram o facebook. Procure lá por Ikpeng, Juruna, Yawalapiti, Kuikuro, Mehinaku, Kalapalo, Kamaiurá… Quase todos os índios jovens da reserva de 27 mil quilômetros quadrados, a maior do mundo, possuem um perfil na rede social, embora vivam praticamente igual ao que era 51 anos atrás, quando o parque foi criado: em ocas comunitárias e alimentando-se basicamente de peixe assado e beiju de tapioca.
À primeira vista, parece que o tempo não passou por ali. O chão de terra batida, crianças correndo peladinhas, mulheres agachadas preparando o beiju. Aí você repara melhor e vê algumas antenas parabólicas, placas de energia solar, volta e meia uma motocicleta circulando. O contraste entre o ancestral e o moderno faz pensar que o Xingu encarna literalmente a “aldeia global” que previu Marshall McLuhan nos anos 1960, justo quando a reserva estava sendo criada.
Estamos na aldeia Yawalapiti, uma das 16 etnias que habitam o parque, onde aconteceu no último fim-de-semana o kuarup (cerimônia fúnebre) em homenagem ao antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, que completaria 90 anos em 2012. Nas ocas, tem energia elétrica e televisão, mas não tem telefone nem pega celular. Com 300 habitantes, a aldeia é abastecida por geradores elétricos, mas um sistema de captação de energia solar está sendo implantado com a ajuda da Fundação Darcy Ribeiro. As primeiras placas estão em fase de teste e moradores são treinados para fazer a manutenção do equipamento. Se der certo, a ideia será replicada em outras aldeias do Xingu.
Embora as crianças da aldeia estejam desnudas como sempre, durante a festa alguns dos homens adultos preferem usar cueca por baixo da (pouca) roupa. As índias jovens já não têm tantos filhos quanto suas mães, com oito, nove rebentos. Muitas meninas são mães em tenra idade, mas têm apenas uma criança. Contam usar pílula anticoncepcional. Em vez de andarem despidas, preferem usar vestido de elastex tomara-que-caia. Todas usam o mesmo modelo de vestido, prático na hora de amamentar os filhos.
No ponto de cultura Yawalapiti, onde é possível conectar-se à internet, é que os índios conversam no facebook com gente de todo o País. Como em qualquer parte, há entre os jovens um certo fetiche pelos gadgets eletrônicos. Mesmo sem sinal para fazer ligações, os celulares são utilizados para fazer fotos. No Kuarup, Munuri, vestido a caráter para a festa, não larga de seu tablet. “Sempre gostei de aparelhos, mas de qualidade boa. Não gosto de coisa ruim. Fotografo, filmo, escrevo textos. Faço tudo aqui no meu tablet”, diz Munuri, que transmite o que aprendeu às crianças da aldeia.
Pela primeira vez um kuarup foi inteiramente documentado pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional), desde o começo da preparação, dez meses atrás. Dos pequis sendo colhidos para a bebida fermentada que é distribuída na cerimônia, até as centenas de quilos de polvilho que são acumulados durante o ano para o beiju que será consumido no kuarup, tudo foi filmado por uma equipe com o apoio do índio cinegrafista Collor –isso mesmo, ele ganhou o nome em homenagem ao ex-presidente. Nasceu há 22 anos, quando o futuro “impichado” por corrupção acabara de tomar posse.
Além de filmar, Collor também dança e luta huka-huka, a batalha que na manhã do domingo 19 levará cerca de mil guerreiros de várias tribos do Xingu ao centro da aldeia. Ele se diz autodidata: aprendeu a filmar observando. A câmera, ganhou de “um francês”. Grava todas as festas mais importantes entre os Yawalapiti e guarda tudo em seu notebook. Pergunto onde gostaria de trabalhar. “Eu queria ficar aqui, registrando nossa cultura. Nunca pensei em sair”, diz Collor. A mesma frase é repetida por outros jovens índios. Querem sair só para estudar e voltar à aldeia.
Na tarde do sábado, Collor está sentado detrás do local onde foram colocados os três troncos representando as almas dos homenageados do kuarup – além de Darcy, duas índias. “Até na morte Darcy está rodeado de mulheres”, alguém brinca. Todos receberam adornos e são pintados com tintura de jenipapo e urucum para a festa. Os guerreiros que vão lutar o huka-huka fazem a sangria: têm os braços raspados por um instrumento rudimentar, a arranhadeira, feito com dentes de peixe-cachorra, para ganhar coragem.
As mulheres são mais tímidas e não falam bem o português, mas uma mistura de dialetos, como a maioria dos índios do Xingu. Entre os Yawalapiti apenas 12 pessoas falam a língua original da etnia. Existe um projeto para reviver a língua ao qual a ministra da Cultura, presente ao Kuarup, promete empenho. Ana de Hollanda, porém, causa constrangimento geral ao se recusar a receber o documento preparado pelos índios em protesto a usina de Belo Monte e à portaria 303 da AGU (Advocacia Geral da União) sobre o uso de terras indígenas. O cacique Aritana, chefe dos Yawalapiti e considerado a maior liderança do Xingu, protestou na hora, mas, pacificador, preferiu não criticar a ministra publicamente.
Enquanto cânticos eram entoados, familiares dos mortos choravam em volta dos troncos enfeitados, durante toda a noite. A família de Darcy Ribeiro, que não teve filhos, compareceu em peso: 46 pessoas, entre sobrinhos e sobrinhos-netos do antropólogo, vindas em sua maioria da terra natal do antropólogo, Montes Claros (MG), se revezavam a cada 40 minutos ao redor de sua “alma”. Sobrinho de Darcy, Paulo Ribeiro lembrava que, ao lado dos irmãos Villas-Boas, ele foi um dos idealizadores do parque. “Darcy e o antropólogo Eduardo Galvão fizeram todo o levantamento da área”, explicou Paulo.
Observando a cerimônia sob o inacreditável manto de estrelas, o índio Kamalurré Mehinaku assombrava os brancos com lendas sobre o Kuarup. “Esses troncos são perigosos. Não pode olhar muito. Se olhar e ver gente nele, passando três dias, morre. O pai de Aritana viu e morreu. Teve outro que ouviu o tronco respirar, chorou aos pés dele, mas não adiantou. Dois dias depois morreu. É por isso que o pajé sopra fumaça do cigarro no tronco, para acalmar o espírito.”
No final da tarde de domingo, os troncos-almas são levados para o rio Xingu. É a última parte do Kuarup. Significa que o luto acabou e daqui para a frente todos podem sorrir novamente. As fotos já estão no facebook.
- por Cynara Menezes, na CartaCapital
Os índios do Parque Nacional do Xingu descobriram o facebook. Procure lá por Ikpeng, Juruna, Yawalapiti, Kuikuro, Mehinaku, Kalapalo, Kamaiurá… Quase todos os índios jovens da reserva de 27 mil quilômetros quadrados, a maior do mundo, possuem um perfil na rede social, embora vivam praticamente igual ao que era 51 anos atrás, quando o parque foi criado: em ocas comunitárias e alimentando-se basicamente de peixe assado e beiju de tapioca.
À primeira vista, parece que o tempo não passou por ali. O chão de terra batida, crianças correndo peladinhas, mulheres agachadas preparando o beiju. Aí você repara melhor e vê algumas antenas parabólicas, placas de energia solar, volta e meia uma motocicleta circulando. O contraste entre o ancestral e o moderno faz pensar que o Xingu encarna literalmente a “aldeia global” que previu Marshall McLuhan nos anos 1960, justo quando a reserva estava sendo criada.
Estamos na aldeia Yawalapiti, uma das 16 etnias que habitam o parque, onde aconteceu no último fim-de-semana o kuarup (cerimônia fúnebre) em homenagem ao antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, que completaria 90 anos em 2012. Nas ocas, tem energia elétrica e televisão, mas não tem telefone nem pega celular. Com 300 habitantes, a aldeia é abastecida por geradores elétricos, mas um sistema de captação de energia solar está sendo implantado com a ajuda da Fundação Darcy Ribeiro. As primeiras placas estão em fase de teste e moradores são treinados para fazer a manutenção do equipamento. Se der certo, a ideia será replicada em outras aldeias do Xingu.
Embora as crianças da aldeia estejam desnudas como sempre, durante a festa alguns dos homens adultos preferem usar cueca por baixo da (pouca) roupa. As índias jovens já não têm tantos filhos quanto suas mães, com oito, nove rebentos. Muitas meninas são mães em tenra idade, mas têm apenas uma criança. Contam usar pílula anticoncepcional. Em vez de andarem despidas, preferem usar vestido de elastex tomara-que-caia. Todas usam o mesmo modelo de vestido, prático na hora de amamentar os filhos.
No ponto de cultura Yawalapiti, onde é possível conectar-se à internet, é que os índios conversam no facebook com gente de todo o País. Como em qualquer parte, há entre os jovens um certo fetiche pelos gadgets eletrônicos. Mesmo sem sinal para fazer ligações, os celulares são utilizados para fazer fotos. No Kuarup, Munuri, vestido a caráter para a festa, não larga de seu tablet. “Sempre gostei de aparelhos, mas de qualidade boa. Não gosto de coisa ruim. Fotografo, filmo, escrevo textos. Faço tudo aqui no meu tablet”, diz Munuri, que transmite o que aprendeu às crianças da aldeia.
Pela primeira vez um kuarup foi inteiramente documentado pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional), desde o começo da preparação, dez meses atrás. Dos pequis sendo colhidos para a bebida fermentada que é distribuída na cerimônia, até as centenas de quilos de polvilho que são acumulados durante o ano para o beiju que será consumido no kuarup, tudo foi filmado por uma equipe com o apoio do índio cinegrafista Collor –isso mesmo, ele ganhou o nome em homenagem ao ex-presidente. Nasceu há 22 anos, quando o futuro “impichado” por corrupção acabara de tomar posse.
Além de filmar, Collor também dança e luta huka-huka, a batalha que na manhã do domingo 19 levará cerca de mil guerreiros de várias tribos do Xingu ao centro da aldeia. Ele se diz autodidata: aprendeu a filmar observando. A câmera, ganhou de “um francês”. Grava todas as festas mais importantes entre os Yawalapiti e guarda tudo em seu notebook. Pergunto onde gostaria de trabalhar. “Eu queria ficar aqui, registrando nossa cultura. Nunca pensei em sair”, diz Collor. A mesma frase é repetida por outros jovens índios. Querem sair só para estudar e voltar à aldeia.
Na tarde do sábado, Collor está sentado detrás do local onde foram colocados os três troncos representando as almas dos homenageados do kuarup – além de Darcy, duas índias. “Até na morte Darcy está rodeado de mulheres”, alguém brinca. Todos receberam adornos e são pintados com tintura de jenipapo e urucum para a festa. Os guerreiros que vão lutar o huka-huka fazem a sangria: têm os braços raspados por um instrumento rudimentar, a arranhadeira, feito com dentes de peixe-cachorra, para ganhar coragem.
As mulheres são mais tímidas e não falam bem o português, mas uma mistura de dialetos, como a maioria dos índios do Xingu. Entre os Yawalapiti apenas 12 pessoas falam a língua original da etnia. Existe um projeto para reviver a língua ao qual a ministra da Cultura, presente ao Kuarup, promete empenho. Ana de Hollanda, porém, causa constrangimento geral ao se recusar a receber o documento preparado pelos índios em protesto a usina de Belo Monte e à portaria 303 da AGU (Advocacia Geral da União) sobre o uso de terras indígenas. O cacique Aritana, chefe dos Yawalapiti e considerado a maior liderança do Xingu, protestou na hora, mas, pacificador, preferiu não criticar a ministra publicamente.
Enquanto cânticos eram entoados, familiares dos mortos choravam em volta dos troncos enfeitados, durante toda a noite. A família de Darcy Ribeiro, que não teve filhos, compareceu em peso: 46 pessoas, entre sobrinhos e sobrinhos-netos do antropólogo, vindas em sua maioria da terra natal do antropólogo, Montes Claros (MG), se revezavam a cada 40 minutos ao redor de sua “alma”. Sobrinho de Darcy, Paulo Ribeiro lembrava que, ao lado dos irmãos Villas-Boas, ele foi um dos idealizadores do parque. “Darcy e o antropólogo Eduardo Galvão fizeram todo o levantamento da área”, explicou Paulo.
Observando a cerimônia sob o inacreditável manto de estrelas, o índio Kamalurré Mehinaku assombrava os brancos com lendas sobre o Kuarup. “Esses troncos são perigosos. Não pode olhar muito. Se olhar e ver gente nele, passando três dias, morre. O pai de Aritana viu e morreu. Teve outro que ouviu o tronco respirar, chorou aos pés dele, mas não adiantou. Dois dias depois morreu. É por isso que o pajé sopra fumaça do cigarro no tronco, para acalmar o espírito.”
No final da tarde de domingo, os troncos-almas são levados para o rio Xingu. É a última parte do Kuarup. Significa que o luto acabou e daqui para a frente todos podem sorrir novamente. As fotos já estão no facebook.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Pronto-Atendimento 24 horas nos bairros: garantia do ministro da Saúde para o governo Bigardi
No último domingo mais um representante de peso do Governo Federal veio à Jundiaí declarar seu apoio aos candidatos Pedro Bigardi (prefeito) e Durval Orlato (vice-prefeito). Alexandre Padilha, ministro da Saúde, participou de um encontro com os candidatos e com a população e falou sobre a atual situação da Saúde de Jundiaí e como Bigardi pode ajudar na solução desses problemas.
Uma das propostas de Bigardi para a área, a criação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), foi explicada pelo ministro. Segundo Padilha, as UPAs são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e os prontos-socorros. De acordo com ele, as UPAs podem resolver grande parte das urgências e emergências. Hoje, estão em construção no Brasil 600 unidades. Com as 215 UPAs inauguradas, cerca de 2,5 milhões de pessoas foram atendidas.
"De cada 100 pessoas que precisavam de atendimento, 97 tiveram o problema resolvido numa UPA. Por isso, ela é boa para quem mora perto da unidade e muito boa para a cidade inteira porque desafoga os hospitais", esclareceu. Em Jundiaí as UPAs serão implantadas, segundo Bigardi, como uma forma de desafogar o Hospital São Vicente de Paulo”. “Essa estrutura desafogaria o São Vicente, pois ela é responsável pelos primeiros atendimentos aos pacientes com apoio de leitos e ambulância”, afirmou o candidato.
Segundo Alexandre Padilha, a saúde na cidade de Jundiaí só tem a ganhar com a eleição de Bigardi e Orlato “Nenhum município sozinho resolve seus problemas de Saúde. Sei que eles irão trabalhar o tempo todo em parceria com o Governo Federal”. Além de Padilha, Gilberto Carvalho (PT), ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, e Aldo Rebelo (PCdoB), ministro do Esporte, já declararam seu apoio aos candidatos.
Conheça as propostas de Pedro Bigardi para a Saúde de Jundiaí.
Uma das propostas de Bigardi para a área, a criação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), foi explicada pelo ministro. Segundo Padilha, as UPAs são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e os prontos-socorros. De acordo com ele, as UPAs podem resolver grande parte das urgências e emergências. Hoje, estão em construção no Brasil 600 unidades. Com as 215 UPAs inauguradas, cerca de 2,5 milhões de pessoas foram atendidas.
"De cada 100 pessoas que precisavam de atendimento, 97 tiveram o problema resolvido numa UPA. Por isso, ela é boa para quem mora perto da unidade e muito boa para a cidade inteira porque desafoga os hospitais", esclareceu. Em Jundiaí as UPAs serão implantadas, segundo Bigardi, como uma forma de desafogar o Hospital São Vicente de Paulo”. “Essa estrutura desafogaria o São Vicente, pois ela é responsável pelos primeiros atendimentos aos pacientes com apoio de leitos e ambulância”, afirmou o candidato.
Segundo Alexandre Padilha, a saúde na cidade de Jundiaí só tem a ganhar com a eleição de Bigardi e Orlato “Nenhum município sozinho resolve seus problemas de Saúde. Sei que eles irão trabalhar o tempo todo em parceria com o Governo Federal”. Além de Padilha, Gilberto Carvalho (PT), ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, e Aldo Rebelo (PCdoB), ministro do Esporte, já declararam seu apoio aos candidatos.
Conheça as propostas de Pedro Bigardi para a Saúde de Jundiaí.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Ministro Alexandre Padilha vem a Jundiaí dar seu apoio à candidatura de Pedro Bigardi à prefeitura
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve em Jundiaí neste domingo, dia 26, para dar seu apoio à candidatura de Pedro Bigardi a prefeito e Durval Orlato a vice. O evento aconteceu na sede da Associação dos Aposentados de Jundiaí e região e contou com um auditório lotado. Confiram as fotos.
sábado, 25 de agosto de 2012
Campanha na feira do Vianelo
Estivemos hoje pela manhã mais uma vez na Feira do Vianelo conversando com a população e apresentando nossas propostas. É muito gratificante esse contato com os eleitores. O que nós mais ouvimos das pessoas é que chegou a hora de renovar a política em Jundiaí, com Pedro Bigardi, prefeito, e Durval Orlato, vice. Estamos todos juntos!
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Mais preparado, Bigardi mostra propostas concretas para melhorar Jundiaí durante entrevista à Rádio Difusora
Para administrar uma cidade como Jundiaí é preciso, primeiro, saber o que exatamente a população precisa, o que deve ser feito e como pode ser realizado.
Quem ouviu a entrevista de Pedro Bigardi 65 nesta quarta-feira (22), no programa "Difusora Acontece", teve a confirmação de que ele é o candidato a prefeito mais bem preparado para governar a cidade e cuidar das pessoas que aqui moram.
Numa conversa com o radialista Adilson Freddo, responsável pelas entrevistas da Rádio Difusora (810 AM) com os prefeituráveis, Bigardi mostrou toda a experiência pública adquirida em mais de 20 anos como engenheiro civil da Prefeitura de Jundiaí.
Experiência e confiança
Seja de maneira técnica (como especialista em planejamento urbano que é), ou "com o coração" (marca registrada do homem Pedro Bigardi), ele apontou algumas das propostas que vai executar em Jundiaí como prefeito, a partir do ano que vem.
"Tenho uma trajetória de trabalho por Jundiaí, onde nasci e sempre vivi. Trabalhei mais de duas décadas na Prefeitura, conhecendo os bairros e a cidade. Como deputado, também adquiri a tarimba necessária. Me sinto preparado para fazer o melhor governo que Jundiaí já teve", afirmou Bigardi.
Vontade política, experiência e inovação são as marcas de Bigardi
Recursos do Governo Federal que estão parados em Brasília porque a Prefeitura não apresentou projetos para solicitá-los serão usados na administração Bigardi, principalmente em áreas essenciais para a população, como Saúde, Segurança, Educação, Trânsito e Transporte.
Como exemplos, Bigardi citou a construção das Unidades de Pronto-Atendimento, as UPAs do Governo Federal, que funcionam como mini-hospitais e ficam abertas 24 horas. "Elas devem estar nos bairros, para que as pessoas sejam atendidas de maneira rápida, sem precisar se deslocar para o Hospital São Vicente", lembrou.
Corredores exclusivos de ônibus e 30 km de ciclovias também estão nos planos de Bigardi Prefeito 65. Estas melhorias, inclusive, podem ser feitas sem que nenhuma casa seja desapropriada ou que famílias sejam removidas. Para isso, explicou o engenheiro Bigardi, basta realizar o enterramento das linhas de transmissão de energia, que cortam toda a cidade.
"Temos muito recurso para fazer isso. A Prefeitura tem um orçamento de R$ 1,4 bilhão por ano, mas precisa aplicá-lo onde realmente é necessário. Gasta-se mais de R$ 50 milhões com propaganda, hoje", ressaltou.
Quem ouviu a entrevista de Pedro Bigardi 65 nesta quarta-feira (22), no programa "Difusora Acontece", teve a confirmação de que ele é o candidato a prefeito mais bem preparado para governar a cidade e cuidar das pessoas que aqui moram.
Numa conversa com o radialista Adilson Freddo, responsável pelas entrevistas da Rádio Difusora (810 AM) com os prefeituráveis, Bigardi mostrou toda a experiência pública adquirida em mais de 20 anos como engenheiro civil da Prefeitura de Jundiaí.
Experiência e confiança
Seja de maneira técnica (como especialista em planejamento urbano que é), ou "com o coração" (marca registrada do homem Pedro Bigardi), ele apontou algumas das propostas que vai executar em Jundiaí como prefeito, a partir do ano que vem.
"Tenho uma trajetória de trabalho por Jundiaí, onde nasci e sempre vivi. Trabalhei mais de duas décadas na Prefeitura, conhecendo os bairros e a cidade. Como deputado, também adquiri a tarimba necessária. Me sinto preparado para fazer o melhor governo que Jundiaí já teve", afirmou Bigardi.
Vontade política, experiência e inovação são as marcas de Bigardi
Recursos do Governo Federal que estão parados em Brasília porque a Prefeitura não apresentou projetos para solicitá-los serão usados na administração Bigardi, principalmente em áreas essenciais para a população, como Saúde, Segurança, Educação, Trânsito e Transporte.
Como exemplos, Bigardi citou a construção das Unidades de Pronto-Atendimento, as UPAs do Governo Federal, que funcionam como mini-hospitais e ficam abertas 24 horas. "Elas devem estar nos bairros, para que as pessoas sejam atendidas de maneira rápida, sem precisar se deslocar para o Hospital São Vicente", lembrou.
Corredores exclusivos de ônibus e 30 km de ciclovias também estão nos planos de Bigardi Prefeito 65. Estas melhorias, inclusive, podem ser feitas sem que nenhuma casa seja desapropriada ou que famílias sejam removidas. Para isso, explicou o engenheiro Bigardi, basta realizar o enterramento das linhas de transmissão de energia, que cortam toda a cidade.
"Temos muito recurso para fazer isso. A Prefeitura tem um orçamento de R$ 1,4 bilhão por ano, mas precisa aplicá-lo onde realmente é necessário. Gasta-se mais de R$ 50 milhões com propaganda, hoje", ressaltou.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Michael Moore e Oliver Stone: Por que defendemos o WikiLeaks e Assange
Michael Moore e Oliver Stone desmontam argumentos da Suécia e alertam: A extradição de Assange para os EUA representaria derrota global da liberdade de expressão.
- por Michael Moore e Oliver Stone, via Outras Palavras
Passamos nossas carreiras de cineastas sustentando que a mídia norte-americana é frequentemente incapaz de informar os cidadãos sobre as piores ações de nosso governo. Portanto, ficamos profundamente gratos pelas realizações do WikiLeaks e aplaudimos a decisão do Equador de garantir asilo diplomático a seu fundador –Julian Assange – que agora vive na embaixada equatoriana em Londres.
O Equador agiu de acordo com importantes princípios dos direitos humanos internacionais. E nada poderia demonstrar quão apropriada foi sua ação quanto a ameaça do governo britânico, de violar um princípio sagrado das relações diplomáticas e invadir a embaixada para prender Assange.
Desde sua fundação, o WikiLeaks revelou documentos como o filme Assassinato colateral, que mostra a matança aparentemente indiscriminada de civis de Bagdá por um helicóptero Apache, dos Estados Unidos; além de detalhes minuciosos sobre a face verdadeira das guerras contra o Iraque e Afeganistão; a conspiração entre os Estados Unidos e a ditadura do Iêmem, para esconder nossa responsabilidade sobre os bombardeios no país; a pressão do governo Obama para que outras nações não processem, por tortura, oficiais da era Bush; e muito mais.
Como era de prever, foi feroz a resposta daqueles que preferem que os norte-americanos não saibam dessas coisas. Líderes dos dois partidos chamaram Assange de “terrorista tecnológico”. E a senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia que lidera o Comitê de Inteligência do Senado, exigiu que ele fosse processado pela Lei de Espionagem. A maioria dos norte-americanos, britânicos e suecos não sabe que a Suécia não acusou formalmente Assange por nenhum crime. Em vez disso, emitiu um mandado de prisão para interrogá-lo sobre as acusações de agressão sexual em 2010.
Todas essas acusações devem ser cuidadosamente investigadas antes que Assange vá para um país que o tire do alcance do sistema judiciário sueco. Mas são os governos britânico e sueco que atrapalham a investigação, não Assange.
Autoridades suecas sempre viajaram para outros países para fazer interrogatórios quando necessário, e o fundador do WikiLeaks deixou clara sua disposição de ser interrogado em Londres. Além disso, o governo equatoriano fez uma oferta direta à Suécia, permitindo que Assange seja interrogado dentro de sua embaixada em Londres. Estocolmo recusou as duas propostas.
Assange também comprometeu-se a viajar para a Suécia imediatamente, caso o governo sueco garanta que não irá extraditá-lo para os Estados Unidos. Autoridades suecas não mostraram interesse em explorar essa proposta, e o ministro de Relações Exteriores, Carl Bildt, declarou inequivocamente a um consultor jurídico de Assange e do WikiLeaks que a Suécia não vai oferecer essa garantia. O governo britânico também teria, de acordo com tratados internacionais, o direito de prevenir a reextradição de Assange da Suécia para os Estados Unidos, mas recusou-se igualmente a garantir que usaria esse poder. As tentativas do Equador para facilitar esse acordo entre os dois governos foram rejeitadas.
Em conjunto, as ações dos governos britânico e sueco sugerem que sua agenda real é levar Assange à Suécia. Por conta de tratados e outras considerações, ele provavelmente poderia ser mais facilmente extraditado de lá para os Estados Unidos. Assange tem todas as razões para temer esses desdobramentos. O Departamento de Justiça recentemente confirmou que continua a investigar o WikiLeaks, e os documentos do governo australiano de fevereiro passado, recém-divulgados afirmam que “a investigação dos Estados Unidos sobre a possível conduta criminal de Assange está em curso há mais de um ano”. O próprio WikiLeaks publicou e-mails da Stratfor, uma corporação privada de inteligência, segundo os quais um júri já ouviu uma acusação sigilosa contra Assange. E a história indica que a Suécia iria ceder a qualquer pressão dos Estados Unidos para entregar Assange. Em 2001, o governo sueco entregou à CIA dois egípcios que pediam asilo. A agência norte-americana entregou-os ao regime de Mubarak, que os torturou.
Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão estadunidense, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte-americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar suas leis. Criar esse precedente deveria preocupar profundamente a todos, admiradores do WikiLeaks ou não.
Conclamamos os povos britânico e sueco a exigir que seus governos respondam algumas questões básicas. Por que as autoridades suecas recusam-se a interrogar Assange em Londres? E por que nenhum dos dois governos pode prometer que Assange não será extraditado para os Estados Unidos? Os cidadãos britânicos e suecos têm uma rara oportunidade de tomar uma posição pela liberdade de expressão, em nome de todo o mundo.
Tradução: Daniela Frabasile
- por Michael Moore e Oliver Stone, via Outras Palavras
Os cineastas Michael Moore e Oliver Stone |
O Equador agiu de acordo com importantes princípios dos direitos humanos internacionais. E nada poderia demonstrar quão apropriada foi sua ação quanto a ameaça do governo britânico, de violar um princípio sagrado das relações diplomáticas e invadir a embaixada para prender Assange.
Desde sua fundação, o WikiLeaks revelou documentos como o filme Assassinato colateral, que mostra a matança aparentemente indiscriminada de civis de Bagdá por um helicóptero Apache, dos Estados Unidos; além de detalhes minuciosos sobre a face verdadeira das guerras contra o Iraque e Afeganistão; a conspiração entre os Estados Unidos e a ditadura do Iêmem, para esconder nossa responsabilidade sobre os bombardeios no país; a pressão do governo Obama para que outras nações não processem, por tortura, oficiais da era Bush; e muito mais.
Como era de prever, foi feroz a resposta daqueles que preferem que os norte-americanos não saibam dessas coisas. Líderes dos dois partidos chamaram Assange de “terrorista tecnológico”. E a senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia que lidera o Comitê de Inteligência do Senado, exigiu que ele fosse processado pela Lei de Espionagem. A maioria dos norte-americanos, britânicos e suecos não sabe que a Suécia não acusou formalmente Assange por nenhum crime. Em vez disso, emitiu um mandado de prisão para interrogá-lo sobre as acusações de agressão sexual em 2010.
Todas essas acusações devem ser cuidadosamente investigadas antes que Assange vá para um país que o tire do alcance do sistema judiciário sueco. Mas são os governos britânico e sueco que atrapalham a investigação, não Assange.
Autoridades suecas sempre viajaram para outros países para fazer interrogatórios quando necessário, e o fundador do WikiLeaks deixou clara sua disposição de ser interrogado em Londres. Além disso, o governo equatoriano fez uma oferta direta à Suécia, permitindo que Assange seja interrogado dentro de sua embaixada em Londres. Estocolmo recusou as duas propostas.
Assange também comprometeu-se a viajar para a Suécia imediatamente, caso o governo sueco garanta que não irá extraditá-lo para os Estados Unidos. Autoridades suecas não mostraram interesse em explorar essa proposta, e o ministro de Relações Exteriores, Carl Bildt, declarou inequivocamente a um consultor jurídico de Assange e do WikiLeaks que a Suécia não vai oferecer essa garantia. O governo britânico também teria, de acordo com tratados internacionais, o direito de prevenir a reextradição de Assange da Suécia para os Estados Unidos, mas recusou-se igualmente a garantir que usaria esse poder. As tentativas do Equador para facilitar esse acordo entre os dois governos foram rejeitadas.
Em conjunto, as ações dos governos britânico e sueco sugerem que sua agenda real é levar Assange à Suécia. Por conta de tratados e outras considerações, ele provavelmente poderia ser mais facilmente extraditado de lá para os Estados Unidos. Assange tem todas as razões para temer esses desdobramentos. O Departamento de Justiça recentemente confirmou que continua a investigar o WikiLeaks, e os documentos do governo australiano de fevereiro passado, recém-divulgados afirmam que “a investigação dos Estados Unidos sobre a possível conduta criminal de Assange está em curso há mais de um ano”. O próprio WikiLeaks publicou e-mails da Stratfor, uma corporação privada de inteligência, segundo os quais um júri já ouviu uma acusação sigilosa contra Assange. E a história indica que a Suécia iria ceder a qualquer pressão dos Estados Unidos para entregar Assange. Em 2001, o governo sueco entregou à CIA dois egípcios que pediam asilo. A agência norte-americana entregou-os ao regime de Mubarak, que os torturou.
Se Assange for extraditado para os Estados Unidos, as consequência repercutirão por anos, em todo o mundo. Assange não é cidadão estadunidense, e nenhuma de suas ações aconteceu em solo norte-americano. Se Washington puder processar um jornalista nessas circunstâncias, os governos da Rússia ou da China poderão, pela mesma lógica, exigir que repórteres estrangeiros em qualquer lugar do mundo sejam extraditados por violar suas leis. Criar esse precedente deveria preocupar profundamente a todos, admiradores do WikiLeaks ou não.
Conclamamos os povos britânico e sueco a exigir que seus governos respondam algumas questões básicas. Por que as autoridades suecas recusam-se a interrogar Assange em Londres? E por que nenhum dos dois governos pode prometer que Assange não será extraditado para os Estados Unidos? Os cidadãos britânicos e suecos têm uma rara oportunidade de tomar uma posição pela liberdade de expressão, em nome de todo o mundo.
Tradução: Daniela Frabasile
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Animação 'O Gato do Rabino' prega a tolerância entre os povos
- Por: Guilherme Bryan, especial para a Rede Brasil Atual
Estreou nessa sexta-feira (18), nos cinemas brasileiros, a boa animação franco-austríaca “O Gato do Rabino”, dirigido por Antoine Delesvaux e Joann Sfar, autor dos quadrinhos que deram origem ao filme e conhecido também pela cinebiografia do cantor e compositor francês Serge Gainsbourg. O enredo gira em torno do rabino Sfar (dublado pelo consagrado e veterano ator francês Maurice Bénichou e inspirado no pai de Joann), que observa a filha se tornar adolescente e começar a esperar por um namorado, e o gato dela devorar um papagaio e, assim, adquirir a fala, numa história que valoriza a tolerância entre diferentes povos e religiões.
A trama é ambientada em Argel, capital da Argélia, entre 1920 e 1930, quando o rabino Sfar precisa ser aprovado num exame, o que, como uma espécie de milagre, acaba ocorrendo. Porém, ao mesmo tempo, ele recebe a visita de um garoto russo, que não sabe falar qualquer coisa em outro idioma a não ser o seu, sendo compreendido apenas pelo gato. Na companhia de um xeque árabe, ele parte, então, em uma aventura mística pela África, em busca de uma cidade escondida. No caminho, eles enfrentarão várias dificuldades.
O livro em quadrinhos que vendeu mais de 200 mil exemplares na França e também se tornou um best-seller no Brasil chega, portanto, muito bem aos cinemas, mesmo bastante atrasado por aqui. Afinal, ele foi realizado em 2011 e, desde então, conquistou vários prêmios internacionais, como o de melhor filme de animação no César.
Numa época marcada por tantas animações caríssimas e que se valem do recurso em 3D, nada mais salutar do que ver algo muito bem realizado em 2D e que trata de um tema tão universal, como a luta contra a intolerância, de qualquer natureza, demonstrando como pessoas de diferentes culturas e origens são capazes de aprender umas com as outras
Estreou nessa sexta-feira (18), nos cinemas brasileiros, a boa animação franco-austríaca “O Gato do Rabino”, dirigido por Antoine Delesvaux e Joann Sfar, autor dos quadrinhos que deram origem ao filme e conhecido também pela cinebiografia do cantor e compositor francês Serge Gainsbourg. O enredo gira em torno do rabino Sfar (dublado pelo consagrado e veterano ator francês Maurice Bénichou e inspirado no pai de Joann), que observa a filha se tornar adolescente e começar a esperar por um namorado, e o gato dela devorar um papagaio e, assim, adquirir a fala, numa história que valoriza a tolerância entre diferentes povos e religiões.
A trama é ambientada em Argel, capital da Argélia, entre 1920 e 1930, quando o rabino Sfar precisa ser aprovado num exame, o que, como uma espécie de milagre, acaba ocorrendo. Porém, ao mesmo tempo, ele recebe a visita de um garoto russo, que não sabe falar qualquer coisa em outro idioma a não ser o seu, sendo compreendido apenas pelo gato. Na companhia de um xeque árabe, ele parte, então, em uma aventura mística pela África, em busca de uma cidade escondida. No caminho, eles enfrentarão várias dificuldades.
O livro em quadrinhos que vendeu mais de 200 mil exemplares na França e também se tornou um best-seller no Brasil chega, portanto, muito bem aos cinemas, mesmo bastante atrasado por aqui. Afinal, ele foi realizado em 2011 e, desde então, conquistou vários prêmios internacionais, como o de melhor filme de animação no César.
Numa época marcada por tantas animações caríssimas e que se valem do recurso em 3D, nada mais salutar do que ver algo muito bem realizado em 2D e que trata de um tema tão universal, como a luta contra a intolerância, de qualquer natureza, demonstrando como pessoas de diferentes culturas e origens são capazes de aprender umas com as outras
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Eduardo Galeano lança novo livro e afirma: “Fomos treinados para ter medo de tudo”
A cada dia, nasce uma história em “Os filhos dos dias”, novo livro do escritor uruguaio. São 366 textos que, segundo Galeano, são histórias de invisíveis que merecem ser contadas. Confira a entrevista
Por que este título: Os filhos dos dias?
Segundo os maias, nós somos filhos dos dias, ou seja, o tempo é que estabelece o espaço. O tempo é nosso pai e nossa mãe e, como somos filhos dos dias, o mais natural é que a cada dia nasça uma história. Somos feitos de átomos, mas também de histórias.
Dentro dessas histórias há muitas vinculadas à nossa vida cotidiana. Você assinala: “vivemos em um mundo inseguro”. A particularidade é que projeta que existem diferentes concepções sobre a insegurança. A que se refere?
Muitos políticos no mundo inteiro, não é algo que passa somente em nosso país, exploram um tipo de histeria coletiva a respeito do tema da insegurança. Te ensinam a ver o próximo como uma ameaça e te proíbem de vê-lo como uma promessa, ou seja, o próximo, esse senhor, essa senhora que anda por aí, pode roubar-te, sequestrar-te, enganar-te, mentir para você, raramente oferecer-te algo que valha a pena receber. Creio que essa forma parte de uma ditadura universal do medo. Fomos treinados para ter medo de tudo e de todos e este é o álibi que necessita a estrutura militar do mundo. Este é um mundo que destina metade de seus recursos à arte de matar o próximo. Os gastos militares, que são o nome artístico dos gastos criminais, necessitam de um álibi. As armas necessitam da guerra, como os abrigos necessitam do inverno.
Quando fala dos medos, você joga com essa palavra para assim mencionar os meios e tem uma história que é “os meios de comunicação”. A que lugar você atribui aos meios em nossos medos?
Às vezes, os meios atuam como medos de comunicação, então, se convertem em medos de incomunicação. Isto não é verdade para todos, mas sim para alguns meios que no mundo inteiro exploram esse tipo de histeria coletiva desatada com o tema da insegurança. Mentem, porque a insegurança não se reduz à insegurança que se pode sofrer nas ruas. Inseguro é este mundo e a primeira é a insegurança no trabalho, que é a mais grave de todas e da qual nunca falam os políticos que exploram o tema da insegurança. Não há nada mais inseguro que o trabalho. Todos nos perguntamos: e amanhã, haverá quem me contrate? Voltarei ao lugar de trabalho onde estive hoje? Terá alguém ocupado meu lugar?
Esse medo real de perder o trabalho ou de não encontrá-lo é a fonte de insegurança mais importante. Tão inseguro é o mundo, a quantidade de pessoas que matam os carros nisso que chamamos acidentes de trânsito, na realidade são atos criminosos por conta dos condutores que tendo permissão de dirigir, tem permissão para matar, ou a insegurança da maioria das crianças que nascem no mundo condenados a morrer muito cedo de fome ou de enfermidade incurável.
Aparecem as histórias dos desaparecidos, mas lhe menciono uma em particular, chamada Plano Condor, onde a história que se conta pertence a Macarena Gelma. Como foi para você conhecer Macarena Gelman?
Comecei conhecendo ao pai de Macarena (Marcelo) e ao avô Juan (Gelman) com quem trabalhei junto na revista Crisis em Buenos Aires e que é meu amigo de toda a vida. São muitos anos de amizade, ou melhor, de irmandade. Juan (Gelman) teve que sair da Argentina para continuar vivo, naqueles dias que se viviam em Buenos Aires, onde tinha que ir ou esconder-se. Então, eu recebia com muita frequência a seu filho Marcelo e me fiz de pai por algum tempo, depois o mataram, e a outra história é bastante conhecida.
A mulher de Marcelo (María Claudia) foi sequestrada na Argentina. Eram acusados do crime de protestar, delitos de dignidade que tem a ver com o direito estudantil ao protesto. Esses eram os crimes dos meninos, como eles foram assassinados muito cedo. A María Claudia assassinaram no Uruguai, onde já funcionava o mercado comum da morte, que foi o melhor em funcionamento, porque o Mercosul ainda tinha dificuldades graves. O mercado da morte funcionou muito bem naquelas horas do terror onde as ditaduras trocavam favores. Mandaram María Claudia grávida para o Uruguai e aqui os militares uruguaios se encarregaram do trabalho. Esperaram ela dar à luz, ela passou seus últimos dias, ou talvez seus últimos meses, na sede do Bulevar Artigas e Palmar (SID) onde descobriu-se a placa em memória de María Claudia e todos os que estiveram ali.
Me impressionou o contraste pela beleza exterior do palácio e os horrores que escondia. Depois de dar à luz, a mataram e entregaram seu filho(a) a um policial, troca de favores. A partir de uma busca complicada de Juan (Gelman) e seus amigos, conseguiu encontrá-la e agora chama-se Macarena Gelman. Nós tornamos muito amigos e uma vez jantando em casa, me contou essa história que é parte das histórias de “Os filhos dos dias” (livro). É uma história muito íntima, muito particular e lhe pedi autorização para publicá-la. É uma história rara, mas reveladora. Conta que quando ainda não sabia quem era e vivia em outra casa, com outro nome, nesse período sofria de insônia contínua, que não a deixavam dormir a noite porque a perseguia sempre o mesmo pesadelo. Via uns senhores desconhecidos muito armados que a buscavam no dormitório onde estava dormindo, debaixo da cama, no guarda-roupa e em todas as partes e ela acordava gritando e angustiadíssima.
Durante muitíssimo tempo, toda sua infância teve esse pesadelo que a perseguia e ela não sabia o por quê, de onde vinha. Até que conheceu sua verdadeira história e soube que estava sonhando os pesadelos que sua mãe havia vivido enquanto a formava no ventre. A mãe, uma estudante de apenas 19 anos, era perseguida de verdade por outros senhores armados até os dentes que a encontraram e a mandaram para morrer no Uruguai. Macarena estava no ventre dessa mulher acoada e perseguida. Desde o ventre padecia a perseguição que sua mãe sofria e depois a sonhou e se converteu em seus próprios pesadelos. Ela sonhou o que sua mãe havia vivido. É uma história que parece uma metáfora da transmissão, das penas, dos horrores, e também de outras continuidades que não são todas horríveis.
É um livro que contém muitas histórias de mulheres. Por que?
Também há muitas histórias de mulheres em meus livros anteriores, como Espelhos e Bocas do Tempo. Há muitas histórias dos invisíveis, e as mulheres ainda são bastante invisíveis. Há histórias de negros, de índios, das culturas ignoradas, das pessoas ignoradas e que merecem ser redescobertas porque têm algo para dizer e vale a pena escutar.
Neste último livro (Os filhos dos dias) há uma história que me impressionou muito, e que não havia escrito até agora, a de Juana Azurduy. Juana foi uma heroína das guerras de independência. Encabeçou a tomada do Cerro de Potosí que estava nas mãos dos espanhóis. Ela era a chefe de um grupo guerrilheiro que recuperou Potosí das mãos espanholas.
Depois seguiu guerreando pela independência, perdeu seus 7 filhos e seu marido nessa guerra. Finalmente, foi enterrada em uma fossa comum e morreu na pobreza mais pobre que se possa imaginar. Antes havia recebido um título militar, foram as forças independentistas as que lhe deram um título que dizia em mérito: “a sua viril coragem”. Precisou-se de muito tempo para que uma presidenta argentina (Cristina Fernández) a outorgasse o título de General por sua feminina valentia.
Há muitas histórias dos povos originários, da luta pelos recursos naturais, e o rol das multinacionais. Em particular, uma história dedicada à selva amazônica.
Essa história sobre a Amazônia recorda que a Texaco, empresa petroleira que derramou veneno durante muitos anos, arruinou boa parte da solva equatoriana. Foi a juízo, mas perdeu. As vítimas desse atentado à natureza e às pessoas desse lugar não tinham meios econômicos, enquanto a Texaco contava com centenas de advogados. Ao cabo de anos, contudo, o pleito foi ganho, mas ainda não se colocou em prática, porque há muitas maneiras de se apelar, e de tirar a bola para fora e para isso não faltam doutores.
No livro tem um olhar crítico sobre os governos progressistas que ainda não descriminalizaram o aborto.
O livro toca todos os temas sempre a partir de histórias concretas. Não é um livro teórico.
As 366 histórias não são somente latino-americanas, você percorre o mundo.
Há muitas histórias que merecem ser recuperadas. Luana, por exemplo, foi a primeira mulher que firmou seus escritos nas tábuas de barro. Ocorreu há quatro mil anos e dizia que escrever era uma festa. Essa mulher é desconhecida. E vale a pena contar que essa história existiu.
A respeito da crise internacional , você resgata o que ocorreu na Islândia e o movimento dos indignados na Espanha.
Esta crise provém de um círculo muito pequeno de banqueiros onipotentes. Me ocorreu para esta história um título sinistro que foi “adote um banqueiro”. Os responsáveis da crise são os que mais têm se queixado e os que mais dinheiro tem recebido. Eles têm sido recompensados por fundir o planeta. Todo esse dinheiro que destinou aos que causaram o pior desastre na história da humanidade seria suficiente para dar comida aos famintos do mundo com sobra, inclusive.
Você acha uma contradição a existência do movimento dos indignados e que, ao mesmo tempo, tenha ganhado o Partido Popular na Espanha?
A aparição dos indignados é o que de mais lindo ocorreu no mundo nos últimos tempos. Creio que o melhor da vida é sua capacidade de surpresa. O melhor dos meus dias é o que ainda não vivi. Cada vez que uma cigana me cerca para ler a minha mão a peço por favor que a pague, mas que não leia. Não quero que me digam o que vai me ocorrer, o melhor que a vida tem é a curiosidade e a curiosidade nasce da ignorância do destino. A explosão dos indignados começou na Espanha, e depois se estendeu em outras partes. É uma boa notícia a capacidade de indignação. Bem dizia meu mestre brasileiro Darcy Ribeiro (intelectual brasileiro já falecido) que o mundo se divide entre os indignos e os indignados e que tem-se que tomar partido, há que se eleger.
Pensei muito nele quando surgiu este movimento. Jovens que perderam seus empregos e suas casas por responsabilidade desses malabarismos financeiros que acabaram despojando os inocentes de seus bens. Eles não foram os que pegaram empréstimos impossíveis, não foram eles os culpados da bolha financeira e deste disparate que aconteceu na Espanha de construir e construir e agora está cheia de moradias desabitadas e gente sem casa.
O PP ganhou a eleição, é verdade. A direita ganhou as eleições, e terá que lutar para que isso mude. Isto que aconteceu na Espanha também fala do desprestígio de forças de esquerda que entram na vida política prometendo mudanças radicais, e depois terminam repetindo a história, ao invés de mudá-la. Muitas pessoas, sobretudo os jovens, se sentem desapontadas e abandonam a política.
A mídia e o ódio à política
A verdade é que a indigência política no caso brasileiro tem como um de seus principais tributários a própria mídia. Baratear o debate sonegando espaço e relevância aos grandes temas que afrontem o seu interesse, é uma de suas especialidades.
- por Saul Leblon, no Blog das Frases
Começa nesta terça-feira o horário eleitoral gratuito do pleito municipal de 2012. Com todas as ressalvas cabíveis - a rendição ao publicitarismo desprovido de conteúdo programático é uma delas - constitui uma das raras janelas em que o critério de tempo, e a seleção dos temas tratados, escapa à pauta política imposta pela grande mídia à sociedade. A má vontade dos autointitulados 'formadores de opinião' com essas ilhas de autonomia é conhecida.
Editorial da Folha deste domingo rememora a ladainha: trata-se de um instrumento de natureza impositiva, com veiculação simultânea obrigatória, que subtrai 60 horas da grade de programação das TVs comerciais; estas, como se sabe, oferecem ao país a crème de la crème do repertório cultural e informativo da humanidade.
A repulsa ao horário eleitoral tem sua origem na mesma cepa que identifica na Voz do Brasil não um serviço de utilidade pública suprapartidário, credor de aperfeiçoamento, mas uma agressão do 'leviatã hobesiano' à livre escolha da sociedade civil.
Deriva desta fornalha ainda a ojeriza às televisões públicas, assim como ao chamado "Estado anunciante', cujo efeito deletério, sugestivamente, ganhou os holofotes dos 'pesquisadores' à medida em que o governo desconcentrou a veiculação da publicidade oficial, antes abocanhada quase integralmente pelos 'barões da mídia'.
Aos liberais que não se libertam jamais da canga conservadora, não ocorre arguir se a estrutura de propriedade dos meios de comunicação -sobretudo no caso da televisão-- assegura a pluralidade narrativa necessária à formação critica do discernimento nacional.
A verdade é que a indigência política no caso brasileiro tem como um de seus principais tributários a própria mídia. Baratear o debate sonegando espaço e relevância aos grandes temas que afrontem o seu interesse, é uma de suas especialidades.
Um exemplo é o tratamento demonizante dispensado ao tema da regulação democrática do setor; outro, as acusações de chavismo carimbadas contra qualquer opinião favorável à ampliação da democracia participativa (leia nesta pág. a coluna de Laurindo Lalo Leal Filho, A criminalização da política).
A mesma edição dominical da 'Folha' que critica o horário eleitoral gratuito como sinônimo de recurso impositivo e de má qualidade, oferece ao leitor um suplemento ilustrativo dessa contribuição ao aperfeiçoamento do debate político nacional.
Um encarte na forma de quadrinhos, que almeja despertar o interesse decepcionante do distinto público pelo julgamento do chamado mensalão , condensa todo um coquetel tóxico de preconceito e generalização colegial.
O conjunto está na raiz da infantilização e das deformações da vida política que o jornal critica. Aos bordões típicos do conservadorismo contra a instituição partidária, subjaz uma dissimulada genuflexão ao agonizante credo neoliberal, a saber: tudo o que não é mercado é corrupção; tudo o que não é mercado é ineficiente; tudo o que não é mercado é irrelevante, é descartável e suspeito.
Nada mais caricato do que uma caricatura que se presta a baratear a realidade para vender o peixe do conservadorismo obtuso e do atomismo social.
Perto do ódio à política massificado pelo dispositivo midiático conservador, as deficiências efetivas do horário eleitoral são, ao contrário do que sugere a Folha, o mal menor.
- por Saul Leblon, no Blog das Frases
Começa nesta terça-feira o horário eleitoral gratuito do pleito municipal de 2012. Com todas as ressalvas cabíveis - a rendição ao publicitarismo desprovido de conteúdo programático é uma delas - constitui uma das raras janelas em que o critério de tempo, e a seleção dos temas tratados, escapa à pauta política imposta pela grande mídia à sociedade. A má vontade dos autointitulados 'formadores de opinião' com essas ilhas de autonomia é conhecida.
Editorial da Folha deste domingo rememora a ladainha: trata-se de um instrumento de natureza impositiva, com veiculação simultânea obrigatória, que subtrai 60 horas da grade de programação das TVs comerciais; estas, como se sabe, oferecem ao país a crème de la crème do repertório cultural e informativo da humanidade.
A repulsa ao horário eleitoral tem sua origem na mesma cepa que identifica na Voz do Brasil não um serviço de utilidade pública suprapartidário, credor de aperfeiçoamento, mas uma agressão do 'leviatã hobesiano' à livre escolha da sociedade civil.
Deriva desta fornalha ainda a ojeriza às televisões públicas, assim como ao chamado "Estado anunciante', cujo efeito deletério, sugestivamente, ganhou os holofotes dos 'pesquisadores' à medida em que o governo desconcentrou a veiculação da publicidade oficial, antes abocanhada quase integralmente pelos 'barões da mídia'.
Aos liberais que não se libertam jamais da canga conservadora, não ocorre arguir se a estrutura de propriedade dos meios de comunicação -sobretudo no caso da televisão-- assegura a pluralidade narrativa necessária à formação critica do discernimento nacional.
A verdade é que a indigência política no caso brasileiro tem como um de seus principais tributários a própria mídia. Baratear o debate sonegando espaço e relevância aos grandes temas que afrontem o seu interesse, é uma de suas especialidades.
Um exemplo é o tratamento demonizante dispensado ao tema da regulação democrática do setor; outro, as acusações de chavismo carimbadas contra qualquer opinião favorável à ampliação da democracia participativa (leia nesta pág. a coluna de Laurindo Lalo Leal Filho, A criminalização da política).
A mesma edição dominical da 'Folha' que critica o horário eleitoral gratuito como sinônimo de recurso impositivo e de má qualidade, oferece ao leitor um suplemento ilustrativo dessa contribuição ao aperfeiçoamento do debate político nacional.
Um encarte na forma de quadrinhos, que almeja despertar o interesse decepcionante do distinto público pelo julgamento do chamado mensalão , condensa todo um coquetel tóxico de preconceito e generalização colegial.
O conjunto está na raiz da infantilização e das deformações da vida política que o jornal critica. Aos bordões típicos do conservadorismo contra a instituição partidária, subjaz uma dissimulada genuflexão ao agonizante credo neoliberal, a saber: tudo o que não é mercado é corrupção; tudo o que não é mercado é ineficiente; tudo o que não é mercado é irrelevante, é descartável e suspeito.
Nada mais caricato do que uma caricatura que se presta a baratear a realidade para vender o peixe do conservadorismo obtuso e do atomismo social.
Perto do ódio à política massificado pelo dispositivo midiático conservador, as deficiências efetivas do horário eleitoral são, ao contrário do que sugere a Folha, o mal menor.
sábado, 18 de agosto de 2012
O estado da democracia no Brasil
Sem democratização do Estado, do sistema de representação política, de formação de opinião pública, das relações econômicas e sociais no campo, haverá limites fundamentais para que o Brasil siga, nesta década, a trajetória que vinha trilhando na década passada.
- por Emir Sader, em seu blog
Quando se pergunta a esses economistas de plantão como está o Brasil, eles imediata auscultam a Bolsa de Valores nos seus Ipads, como um médico faz um exame cardiológico. O vai e vem da Bolsa seria o tique- taque da saúde da economia e do próprio país, para a mentalidade mercantil que orienta esses economistas.
Se a Bolsa de Valores faz parte do país – mesmo se de forma um tanto contraditória, na medida em que atrai capitais especulativos -, a situação do país real tem que ser auscultada em outro lado e com outros métodos.
Os avanços mais significativos do Brasil na ultima década se deram no plano da sua democratização social. Uma política econômica que articula estreitamente desenvolvimento econômico com extensão do mercado interno de consumo popular, que prioriza a expansão dos direitos econômicos e sociais e não os ajustes fiscais, tem permitido ao país mais desigual do continente mais desigual, apresentar uma imagem social menos desigual, menos injusta, com menos pobreza e menos miséria do que marcou tradicionalmente a nossa sociedade.
Esses avanços se chocam com estruturas políticas que mantem suas características tradicionais de instrumentos de poder das velhas elites políticas, que aparecem como freios para que a democratização social se expresse em estruturas políticas – tanto parlamentares, como jurídicas e do aparato-estatal – concordes com esses avanços.
Se alguém conseguisse fazer o exercício mirabolante de imaginação e fizesse abstração dos enormes avanços nos direitos sociais dos milhões de brasileiros que estão tendo seus direitos sociais atendidos, parece que seguimos vivendo em governos anteriores – os do Sarney ou do FHC, por exemplo. Governos em que as heranças da ditadura se faziam sentir de forma direta, seja no pessoal político, nas estruturas jurídicas, nas formas de funcionamento do Estado, nas representações parlamentares.
Até onde essas estruturas são compatíveis com a democratização do Brasil? O Congresso é impermeável, pela sua representação eleita pelo financiamento privado de campanhas, que produzem fortes lobbies corporativos, a projetos de democratização das arcaicas e monopolizadas estruturas do campo brasileiro e, ao contrário, ameaça consolidá-las com a aprovação de um Código Rural que aponta para retrocessos maiores ainda.
É impermeável à aprovação de um Marco Regulatório dos meios de comunicação, que permita romper com o monopólio privado de algumas famílias que pretendem formar a opinião pública nacional e partir dos seus próprios interesses e opiniões. E, como diz o Lula, não haverá democracia no Brasil, enquanto os políticos tiverem medo da imprensa.
O Congresso, eleito com os privilégios das campanhas privadas, que traduzem as desigualdades econômicas e sociais para as campanhas eleitorais e para o Congresso, tampouco procederá à reforma democrática do sistema eleitoral, que supõe, em primeiro lugar, o financiamento público das campanhas.
O Judiciário tem se mostrado insensível e incapaz de promover a justiça no Brasil, burocrático, passível de corrupção, inadequado para a promoção da justiça e a extensão dos direitos para a grande maioria da população, que o país urgentemente precisa.
O aparato de Estado foi feito para reproduzir as relações dominantes, marcadas pela exclusão social, pelo monopólio das elites tradicionais, que sempre se apropriaram desse aparato para promover seus interesses e reproduz a sociedade desigual e fragmentada que temos.
O governo Lula avançou pelas beiradas, pelas brechas, com o instinto do ensaio e erro do ex-presidente, valendo-se das imensas precariedades herdadas – recessão econômica, exclusão social, concentração de renda, desarticulação do Estado. Retomou-se a expansão econômica, estreitamente articulada com a expansão do mercado interno de consumo popular e a extensão dos direitos sociais. Pela primeira vez a situação social da grande maioria pobre da nossa sociedade melhora. Porém, mesmo para obter esses resultados e dar-lhes continuidade, o governo enfrenta grandes obstáculos, que tantas vezes inviabilizam, mudam a natureza dos projetos ou tiram toda sua eficácia, porque se trata de um Estado – em todas suas estruturas, administrativas, financeiras, jurídicas – que não está feito para promover políticas de inclusão da grande maioria da população.
Nesse marco, a imensa democratização social levada a cabo pelos governos Lula e Dilma não encontra correspondência em processos de democratização política que, por exemplo, permitissem renovar radicalmente as representações politicas no Congresso, que tiveram mudanças menores, sem refletir as transformações sociais no Brasil contemporâneo. O bloqueio do financiamento público de campanha, feito exatamente pelos partidos que se beneficiam dos recursos privados, que os elegem e reelegem, falseando a representação popular, condena o Parlamento à desmoralização atual e ao bloqueio das iniciativas mais progressistas que necessitamos – no plano dos meios de comunicação, do meio ambiente, da política agrária, na reforma do Estado, na democratização do Judiciário, na transparência do funcionamento de todas as instituições públicas, na conquista de direitos ligados à mulher, entre tantas outras.
Sem democratização do Estado, do sistema de representação política, de formação de opinião pública, das relações econômicas e sociais no campo, haverá limites fundamentais para que o Brasil siga, nesta década, a trajetória que vinha trilhando na década passada. Inclusive no poder que o Estado necessita para impulsionar o crescimento econômico que o pais urgentemente precisa, mais além dos interesses corporativos e de busca especulativa de lucros – sem produzir nem bens, nem empregos – do grande capital privado.
Os maiores avanços democráticos que o Brasil teve nestes anos vieram de iniciativas especificas. A Comissão da Verdade, a aprovação do direito ao casamento dos homossexuais e o reconhecimento jurídico e político das políticas de cotas nas universidades. São iniciativas muito importantes, mas que precisam de reformas democráticas do Estado e do sistema político, para fazer do Brasil um país socialmente justo, democraticamente forte e economicamente soberano.
- por Emir Sader, em seu blog
Quando se pergunta a esses economistas de plantão como está o Brasil, eles imediata auscultam a Bolsa de Valores nos seus Ipads, como um médico faz um exame cardiológico. O vai e vem da Bolsa seria o tique- taque da saúde da economia e do próprio país, para a mentalidade mercantil que orienta esses economistas.
Se a Bolsa de Valores faz parte do país – mesmo se de forma um tanto contraditória, na medida em que atrai capitais especulativos -, a situação do país real tem que ser auscultada em outro lado e com outros métodos.
Os avanços mais significativos do Brasil na ultima década se deram no plano da sua democratização social. Uma política econômica que articula estreitamente desenvolvimento econômico com extensão do mercado interno de consumo popular, que prioriza a expansão dos direitos econômicos e sociais e não os ajustes fiscais, tem permitido ao país mais desigual do continente mais desigual, apresentar uma imagem social menos desigual, menos injusta, com menos pobreza e menos miséria do que marcou tradicionalmente a nossa sociedade.
Esses avanços se chocam com estruturas políticas que mantem suas características tradicionais de instrumentos de poder das velhas elites políticas, que aparecem como freios para que a democratização social se expresse em estruturas políticas – tanto parlamentares, como jurídicas e do aparato-estatal – concordes com esses avanços.
Se alguém conseguisse fazer o exercício mirabolante de imaginação e fizesse abstração dos enormes avanços nos direitos sociais dos milhões de brasileiros que estão tendo seus direitos sociais atendidos, parece que seguimos vivendo em governos anteriores – os do Sarney ou do FHC, por exemplo. Governos em que as heranças da ditadura se faziam sentir de forma direta, seja no pessoal político, nas estruturas jurídicas, nas formas de funcionamento do Estado, nas representações parlamentares.
Até onde essas estruturas são compatíveis com a democratização do Brasil? O Congresso é impermeável, pela sua representação eleita pelo financiamento privado de campanhas, que produzem fortes lobbies corporativos, a projetos de democratização das arcaicas e monopolizadas estruturas do campo brasileiro e, ao contrário, ameaça consolidá-las com a aprovação de um Código Rural que aponta para retrocessos maiores ainda.
É impermeável à aprovação de um Marco Regulatório dos meios de comunicação, que permita romper com o monopólio privado de algumas famílias que pretendem formar a opinião pública nacional e partir dos seus próprios interesses e opiniões. E, como diz o Lula, não haverá democracia no Brasil, enquanto os políticos tiverem medo da imprensa.
O Congresso, eleito com os privilégios das campanhas privadas, que traduzem as desigualdades econômicas e sociais para as campanhas eleitorais e para o Congresso, tampouco procederá à reforma democrática do sistema eleitoral, que supõe, em primeiro lugar, o financiamento público das campanhas.
O Judiciário tem se mostrado insensível e incapaz de promover a justiça no Brasil, burocrático, passível de corrupção, inadequado para a promoção da justiça e a extensão dos direitos para a grande maioria da população, que o país urgentemente precisa.
O aparato de Estado foi feito para reproduzir as relações dominantes, marcadas pela exclusão social, pelo monopólio das elites tradicionais, que sempre se apropriaram desse aparato para promover seus interesses e reproduz a sociedade desigual e fragmentada que temos.
O governo Lula avançou pelas beiradas, pelas brechas, com o instinto do ensaio e erro do ex-presidente, valendo-se das imensas precariedades herdadas – recessão econômica, exclusão social, concentração de renda, desarticulação do Estado. Retomou-se a expansão econômica, estreitamente articulada com a expansão do mercado interno de consumo popular e a extensão dos direitos sociais. Pela primeira vez a situação social da grande maioria pobre da nossa sociedade melhora. Porém, mesmo para obter esses resultados e dar-lhes continuidade, o governo enfrenta grandes obstáculos, que tantas vezes inviabilizam, mudam a natureza dos projetos ou tiram toda sua eficácia, porque se trata de um Estado – em todas suas estruturas, administrativas, financeiras, jurídicas – que não está feito para promover políticas de inclusão da grande maioria da população.
Nesse marco, a imensa democratização social levada a cabo pelos governos Lula e Dilma não encontra correspondência em processos de democratização política que, por exemplo, permitissem renovar radicalmente as representações politicas no Congresso, que tiveram mudanças menores, sem refletir as transformações sociais no Brasil contemporâneo. O bloqueio do financiamento público de campanha, feito exatamente pelos partidos que se beneficiam dos recursos privados, que os elegem e reelegem, falseando a representação popular, condena o Parlamento à desmoralização atual e ao bloqueio das iniciativas mais progressistas que necessitamos – no plano dos meios de comunicação, do meio ambiente, da política agrária, na reforma do Estado, na democratização do Judiciário, na transparência do funcionamento de todas as instituições públicas, na conquista de direitos ligados à mulher, entre tantas outras.
Sem democratização do Estado, do sistema de representação política, de formação de opinião pública, das relações econômicas e sociais no campo, haverá limites fundamentais para que o Brasil siga, nesta década, a trajetória que vinha trilhando na década passada. Inclusive no poder que o Estado necessita para impulsionar o crescimento econômico que o pais urgentemente precisa, mais além dos interesses corporativos e de busca especulativa de lucros – sem produzir nem bens, nem empregos – do grande capital privado.
Os maiores avanços democráticos que o Brasil teve nestes anos vieram de iniciativas especificas. A Comissão da Verdade, a aprovação do direito ao casamento dos homossexuais e o reconhecimento jurídico e político das políticas de cotas nas universidades. São iniciativas muito importantes, mas que precisam de reformas democráticas do Estado e do sistema político, para fazer do Brasil um país socialmente justo, democraticamente forte e economicamente soberano.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Filme: "360", de Fernando Meirelles
- por Orlando Margarido, na CartaCapital
O que não se pode dizer de 360, nova produção internacional de Fernando Meirelles em cartaz a partir de sexta-feira 17, é que seja um projeto anacrônico, descolado de uma realidade atual.
Desta, justamente, retira a inspiração e a deseja representar. O mundo em trânsito, digamos, onde facilmente as pessoas se deslocam, mas cada vez menos aprofundam relações. Para dar conta de ambicioso tema, lança-se mão do conhecido recurso do filme coral consagrado por Robert Altman em títulos como Short Cuts. Vários personagens são localizados em diferentes situações para então se tocarem em seus destinos, e no caso aqui em cidades diferentes do mundo, Viena ou Londres, por exemplo.
Temos assim as irmãs eslovacas, a mais velha que se prostitui, a outra atraída pelo guarda-costas russo, com problemas no casamento. A crise amorosa norteia outras pontas do enredo, como a jovem brasileira (Maria Flor) que flagra a traição do companheiro (Juliano Cazarré) com uma inglesa (Rachel Weisz), esta numa relação morna com o marido (Jude Law).
A personagem de Anthony Hopkins traz a maior densidade à narrativa, como o pai em busca da filha desaparecida, mas não o suficiente para evitar a superficialidade que se instala no trato dessas pequenas histórias pessoais. O próprio Meirelles reconheceu durante o 40º Festival de Gramado, que o filme inaugurou, a frustração de trabalhar o roteiro de Peter Morgan baseado em peça de Arthur Schnitzler nesse formato coletivo, sem poder se deter num caso e explorá-lo. Como está, o filme surge banal e previsível com o risco de falar a uma escala global sem comover ninguém.
O que não se pode dizer de 360, nova produção internacional de Fernando Meirelles em cartaz a partir de sexta-feira 17, é que seja um projeto anacrônico, descolado de uma realidade atual.
Desta, justamente, retira a inspiração e a deseja representar. O mundo em trânsito, digamos, onde facilmente as pessoas se deslocam, mas cada vez menos aprofundam relações. Para dar conta de ambicioso tema, lança-se mão do conhecido recurso do filme coral consagrado por Robert Altman em títulos como Short Cuts. Vários personagens são localizados em diferentes situações para então se tocarem em seus destinos, e no caso aqui em cidades diferentes do mundo, Viena ou Londres, por exemplo.
Temos assim as irmãs eslovacas, a mais velha que se prostitui, a outra atraída pelo guarda-costas russo, com problemas no casamento. A crise amorosa norteia outras pontas do enredo, como a jovem brasileira (Maria Flor) que flagra a traição do companheiro (Juliano Cazarré) com uma inglesa (Rachel Weisz), esta numa relação morna com o marido (Jude Law).
A personagem de Anthony Hopkins traz a maior densidade à narrativa, como o pai em busca da filha desaparecida, mas não o suficiente para evitar a superficialidade que se instala no trato dessas pequenas histórias pessoais. O próprio Meirelles reconheceu durante o 40º Festival de Gramado, que o filme inaugurou, a frustração de trabalhar o roteiro de Peter Morgan baseado em peça de Arthur Schnitzler nesse formato coletivo, sem poder se deter num caso e explorá-lo. Como está, o filme surge banal e previsível com o risco de falar a uma escala global sem comover ninguém.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Há 35 anos, morria Elvis, o rei do rock
No dia 16 de agosto de 1977, morre aos 42 anos Elvis Presley, o “Rei do Rock and Roll”. Nessa data, legiões de fãs viajariam em luto à Graceland, sua mansão na cidade de Memphis. Médicos afirmaram que a causa mortis foi um ataque cardíaco, provavelmente devido a uma overdose de barbitúricos que lhe haviam sido prescritos.
Elvis nasceu em Tupelo, no estado do Mississippi, em 8 de janeiro de 1935. Seu irmão gêmeo, Jesse, morreu durante o parto. Cresceu em meio à pobreza extrema e conseguiu um emprego como motorista de caminhão apenas após concluir o ensino médio.
Aos 19 anos, resolveu apresentar-se num estúdio de gravação de Memphis, onde pagou quatro dólares para registrar uma série de canções com as quais desejava presentear sua mãe. Sam Philips, o dono do estúdio, ficou intrigado com o timbre grave e enternecedor de sua voz e acabou convidando Elvis a voltar e ensaiar com alguns dos músicos locais. Depois de Philips ouvir Elvis cantar "That's All Right," em um colorido country-and-western, concordou em registrar a faixa em um disco simples sob o selo Sun Records.
A gravação alcançou imediatamente o topo dos rankings locais e lançou a carreira de Presley.
Nos anos seguintes, Elvis atraiu um número crescente de fãs em todo o Sul dos Estados Unidos. Em 1955, a Sun Records vendeu seu contrato a uma grande gravadora, a RCA (Radio Corporation of America) por 40 mil dólares. Lá, sua primeira gravação foi "Heartbreak Hotel", que fez dele um sucesso nacional no início de 1956. Seguiu-se a gravação de "Hound Dog" e "Don't Be Cruel", que rapidamente alcançaram os primeiros lugares nas paradas. Em setembro de 1956, Elvis aparece no The Ed Sullivan Show, popular programa de variedades da televisão norte-americana.
A audiência, constituída basicamente de adolescentes, ficou histérica diante de sua presença dinâmica, sua bela aparência e suas canções simples e cativantes. Muitos pais mostraram-se horrorizados com os seus requebros de quadril sexualmente sugestivos. Por conta da pressão moral, em sua terceira aparição no The Ed Sullivan Show, Elvis foi filmado só da cintura para cima.
De 1956 a 1958, Elvis dominou as paradas de sucesso, abrindo caminho para a era do rock and roll. Foi ele quem abriu as portas para os intérpretes de rock, negros e brancos. Ao longo desse período, estrelou em quatro longas de grande sucesso, todas elas com grandes sucessos como Love Me Tender (1956), Jailhouse Rock (1957), Loving You (1957) e King Creole (1958).
Em 1958, Presley foi alistado como conscrito no exército dos Estados Unidos, servindo por 18 meses em uma base na Alemanha Ocidental como motorista de jipe. As adolescentes ficaram transtornadas com sua ausência. Todos os cinco discos simples produzidos nesse período foram vendidos aos milhões.
Após ter sido passado para a reserva como sargento em 1960, Elvis resolveu mudar de estilo, evitando os provocadores e inquietos ritmos inspirados na temática rhythm-and-blues em favor de baladas românticas e dramáticas como "Are You Lonesome Tonight?". Parou de se apresentar em shows ao vivo para se concentrar nos filmes musicais. Rodou 27 nos anos 1960, entre os quais Saudades de um Pracinha (1960); Feitiço Havaiano (1961); Garotas e Mais Garotas (1962); Elvis – Amor a Toda Velocidade (1964) e Entre a Loira e a Morena (1966). Em 1967, casa-se com Priscilla Beaulieu, com quem teve uma filha, Lisa Marie, em 1968.
No final da década de 1960, o rock and roll passava por dramáticas mudanças e Elvis já não era mais tido como relevante pela juventude norte-americana. Em 1968, um especial de televisão trouxe de volta muitos de seus fãs, mas os sucessos nas paradas tornavam-se cada vez mais raros. Seu ultimo top 10, "Burning Love", foi em 1972. Ele ainda assim conseguia manter sua considerável fortuna por meio de lucrativos shows e aparições televisivas.
Em meados dos anos 1970, Elvis passa a apresentar visível declínio de saúde física e mental. Divorcia-se de sua mulher em 1973 e desenvolve uma perigosa dependência de medicamentos prescritos. Tornou-se também um viciado em fast food, o que o fez engordar.
Nos últimos dois anos de vida, viveu praticamente recluso. Na tarde de 16 de agosto de 1977, foi encontrado inconsciente em sua mansão Graceland e levado às pressas a um hospital. Lá, foi logo declarado morto. Foi enterrado no quintal da Graceland, cujo túmulo continua a atrair fãs do mundo inteiro, transformando-se numa atração turística.
Fonte: Opera Mundi
Elvis nasceu em Tupelo, no estado do Mississippi, em 8 de janeiro de 1935. Seu irmão gêmeo, Jesse, morreu durante o parto. Cresceu em meio à pobreza extrema e conseguiu um emprego como motorista de caminhão apenas após concluir o ensino médio.
Aos 19 anos, resolveu apresentar-se num estúdio de gravação de Memphis, onde pagou quatro dólares para registrar uma série de canções com as quais desejava presentear sua mãe. Sam Philips, o dono do estúdio, ficou intrigado com o timbre grave e enternecedor de sua voz e acabou convidando Elvis a voltar e ensaiar com alguns dos músicos locais. Depois de Philips ouvir Elvis cantar "That's All Right," em um colorido country-and-western, concordou em registrar a faixa em um disco simples sob o selo Sun Records.
A gravação alcançou imediatamente o topo dos rankings locais e lançou a carreira de Presley.
Nos anos seguintes, Elvis atraiu um número crescente de fãs em todo o Sul dos Estados Unidos. Em 1955, a Sun Records vendeu seu contrato a uma grande gravadora, a RCA (Radio Corporation of America) por 40 mil dólares. Lá, sua primeira gravação foi "Heartbreak Hotel", que fez dele um sucesso nacional no início de 1956. Seguiu-se a gravação de "Hound Dog" e "Don't Be Cruel", que rapidamente alcançaram os primeiros lugares nas paradas. Em setembro de 1956, Elvis aparece no The Ed Sullivan Show, popular programa de variedades da televisão norte-americana.
A audiência, constituída basicamente de adolescentes, ficou histérica diante de sua presença dinâmica, sua bela aparência e suas canções simples e cativantes. Muitos pais mostraram-se horrorizados com os seus requebros de quadril sexualmente sugestivos. Por conta da pressão moral, em sua terceira aparição no The Ed Sullivan Show, Elvis foi filmado só da cintura para cima.
De 1956 a 1958, Elvis dominou as paradas de sucesso, abrindo caminho para a era do rock and roll. Foi ele quem abriu as portas para os intérpretes de rock, negros e brancos. Ao longo desse período, estrelou em quatro longas de grande sucesso, todas elas com grandes sucessos como Love Me Tender (1956), Jailhouse Rock (1957), Loving You (1957) e King Creole (1958).
Em 1958, Presley foi alistado como conscrito no exército dos Estados Unidos, servindo por 18 meses em uma base na Alemanha Ocidental como motorista de jipe. As adolescentes ficaram transtornadas com sua ausência. Todos os cinco discos simples produzidos nesse período foram vendidos aos milhões.
Após ter sido passado para a reserva como sargento em 1960, Elvis resolveu mudar de estilo, evitando os provocadores e inquietos ritmos inspirados na temática rhythm-and-blues em favor de baladas românticas e dramáticas como "Are You Lonesome Tonight?". Parou de se apresentar em shows ao vivo para se concentrar nos filmes musicais. Rodou 27 nos anos 1960, entre os quais Saudades de um Pracinha (1960); Feitiço Havaiano (1961); Garotas e Mais Garotas (1962); Elvis – Amor a Toda Velocidade (1964) e Entre a Loira e a Morena (1966). Em 1967, casa-se com Priscilla Beaulieu, com quem teve uma filha, Lisa Marie, em 1968.
No final da década de 1960, o rock and roll passava por dramáticas mudanças e Elvis já não era mais tido como relevante pela juventude norte-americana. Em 1968, um especial de televisão trouxe de volta muitos de seus fãs, mas os sucessos nas paradas tornavam-se cada vez mais raros. Seu ultimo top 10, "Burning Love", foi em 1972. Ele ainda assim conseguia manter sua considerável fortuna por meio de lucrativos shows e aparições televisivas.
Em meados dos anos 1970, Elvis passa a apresentar visível declínio de saúde física e mental. Divorcia-se de sua mulher em 1973 e desenvolve uma perigosa dependência de medicamentos prescritos. Tornou-se também um viciado em fast food, o que o fez engordar.
Nos últimos dois anos de vida, viveu praticamente recluso. Na tarde de 16 de agosto de 1977, foi encontrado inconsciente em sua mansão Graceland e levado às pressas a um hospital. Lá, foi logo declarado morto. Foi enterrado no quintal da Graceland, cujo túmulo continua a atrair fãs do mundo inteiro, transformando-se numa atração turística.
Fonte: Opera Mundi
Laurindo Lalo Leal Filho: A criminalização da política
O Brasil é a única grande democracia do mundo onde não existem debates políticos regulares nas redes nacionais abertas. Política para a mídia brasileira em geral é sinônimo de escândalo. Ao exercerem no cotidiano a criminalização da política, os meios de comunicação, em sua maioria, brincam com o fogo, traçando o caminho mais curto em direção ao golpismo.
- Por Laurindo Lalo Leal Filho
Política para a mídia brasileira em geral é sinônimo de escândalo. Para grande parte da população resume-se a eleições.
Pessoas menos informadas costumam referir-se ao ano eleitoral como o "ano da política", fechando dessa forma o círculo da incultura cívica do país, do qual não escapa um ensino alheio ao tema.
Nação de base escravocrata, às camadas subalternas brasileiras sempre foi negado o direito de efetiva participação no jogo político.
Como concessão permite-se o exercício do voto, dentro de regras restritivas, feitas sob modelo para perpetuação das elites tradicionais no poder.
O descompasso entre presidentes da República eleitos a partir de programas de governo reformistas, com apelo popular, e composições parlamentares no Congresso conservadoras e patrimonialistas têm sido uma constante da política brasileira desde a metade do século passado.
O suicídio de Vargas e o golpe de Estado sacramentado pelo senador Auro de Moura Andrade em 1964 ao declarar vaga a presidência da República legalmente ocupada pelo presidente João Goulart são símbolos da ambiguidade política brasileira, na qual enquadra-se até a renúncia tresloucada de Jânio Quadros. Cabem aí também as chantagens exercidas por grupos parlamentares contra os governos Lula e Dilma, obrigando-os a dolorosas composições partidárias.
Diferentemente da eleição majoritária, onde os candidatos a chefe do executivo falam às grandes massas e são obrigados a mostrar seus projetos nacionais, deputados e senadores apóiam-se no voto paroquial, no compadrio, no tráfico de influência, herdeiros que são do velho coronelismo eleitoral.
E no Congresso, sem compromisso ideológico com o eleitor, defendem os interesses dos financiadores de suas campanhas, quase sempre poderosos grupos econômicos do campo e da cidade, ao lado das igrejas e até de entidades esportivas.
São candidaturas cujo sucesso só ocorre pela falta de um crivo crítico, proporcionado por debates constantes que apenas a mídia tem condições de oferecer em larga escala. No entanto, jornais, revistas, o rádio e a televisão não estão interessados em mudanças. Por pertencerem, no geral, aos herdeiros dos escravocratas (reais ou ideológicos), a existência de um eleitorado esclarecido e consciente apresenta-se como um perigo para os seus interesses.
Por isso, usam de todos os meios para manter a maioria da população distante da política, criminalizado-a sempre que possível.
As raízes da tensão histórica existente entre o executivo e o legislativo brasileiros não fazem parte da pauta da mídia nacional.
Como também não fazem parte as várias propostas existentes no Congresso voltadas para uma necessária e urgente reforma política.
Entre elas, por exemplo, a que acaba com o peso desigual dos votos de cidadãos de diferentes Estados, as que propõem a adoção do voto distrital misto, o financiamento público de campanha ou até o fim do Senado, cujo debate e votação são sempre bloqueados pelos grupos conservadores dominantes.
O dever social da mídia seria o de ampliar esse debate, levando-o à toda sociedade e tornando seus membros participantes regulares da vida política nacional. Mas ela não presta esse serviço.
Prefere destacar apenas os desvios éticos de parlamentares e os "bate-bocas" nas CPIs. São temas que caem como uma luva nas linhas editoriais dos grandes veículos, movidas por escândalos e tragédias espetaculares, sempre tratadas como "fait-divers", sem causas ou consequências, apenas como show.
O resultado é a criação de um imaginário popular que nivela por baixo toda a atuação política institucionalizada. Seus atores são desacreditados, mesmo aqueles com compromissos sérios, voltados para interesses sociais efetivos.
A definição de uso corrente de que "são todos iguais" reflete essa imagem parcial e deformada da política, criada pela mídia.
No caso específico da televisão, por onde se informa a maioria absoluta da população, a situação é ainda mais grave.
O Brasil é a única grande democracia do mundo onde não existem debates políticos regulares nas redes nacionais abertas.
Só aparecem, por força de lei, às vésperas dos pleitos, reforçando ainda mais a ideia popular de que política resume-se a eleições.
Ao exercerem no cotidiano a criminalização da política, os meios de comunicação, em sua maioria, brincam com o fogo, traçando o caminho mais curto em direção ao golpismo.
Fonte: Carta Maior; artigo publicado inicialmente na Revista do Brasil (Edição de Agosto de 2012)
- Por Laurindo Lalo Leal Filho
Política para a mídia brasileira em geral é sinônimo de escândalo. Para grande parte da população resume-se a eleições.
Pessoas menos informadas costumam referir-se ao ano eleitoral como o "ano da política", fechando dessa forma o círculo da incultura cívica do país, do qual não escapa um ensino alheio ao tema.
Nação de base escravocrata, às camadas subalternas brasileiras sempre foi negado o direito de efetiva participação no jogo político.
Como concessão permite-se o exercício do voto, dentro de regras restritivas, feitas sob modelo para perpetuação das elites tradicionais no poder.
O descompasso entre presidentes da República eleitos a partir de programas de governo reformistas, com apelo popular, e composições parlamentares no Congresso conservadoras e patrimonialistas têm sido uma constante da política brasileira desde a metade do século passado.
O suicídio de Vargas e o golpe de Estado sacramentado pelo senador Auro de Moura Andrade em 1964 ao declarar vaga a presidência da República legalmente ocupada pelo presidente João Goulart são símbolos da ambiguidade política brasileira, na qual enquadra-se até a renúncia tresloucada de Jânio Quadros. Cabem aí também as chantagens exercidas por grupos parlamentares contra os governos Lula e Dilma, obrigando-os a dolorosas composições partidárias.
Diferentemente da eleição majoritária, onde os candidatos a chefe do executivo falam às grandes massas e são obrigados a mostrar seus projetos nacionais, deputados e senadores apóiam-se no voto paroquial, no compadrio, no tráfico de influência, herdeiros que são do velho coronelismo eleitoral.
E no Congresso, sem compromisso ideológico com o eleitor, defendem os interesses dos financiadores de suas campanhas, quase sempre poderosos grupos econômicos do campo e da cidade, ao lado das igrejas e até de entidades esportivas.
São candidaturas cujo sucesso só ocorre pela falta de um crivo crítico, proporcionado por debates constantes que apenas a mídia tem condições de oferecer em larga escala. No entanto, jornais, revistas, o rádio e a televisão não estão interessados em mudanças. Por pertencerem, no geral, aos herdeiros dos escravocratas (reais ou ideológicos), a existência de um eleitorado esclarecido e consciente apresenta-se como um perigo para os seus interesses.
Por isso, usam de todos os meios para manter a maioria da população distante da política, criminalizado-a sempre que possível.
As raízes da tensão histórica existente entre o executivo e o legislativo brasileiros não fazem parte da pauta da mídia nacional.
Como também não fazem parte as várias propostas existentes no Congresso voltadas para uma necessária e urgente reforma política.
Entre elas, por exemplo, a que acaba com o peso desigual dos votos de cidadãos de diferentes Estados, as que propõem a adoção do voto distrital misto, o financiamento público de campanha ou até o fim do Senado, cujo debate e votação são sempre bloqueados pelos grupos conservadores dominantes.
O dever social da mídia seria o de ampliar esse debate, levando-o à toda sociedade e tornando seus membros participantes regulares da vida política nacional. Mas ela não presta esse serviço.
Prefere destacar apenas os desvios éticos de parlamentares e os "bate-bocas" nas CPIs. São temas que caem como uma luva nas linhas editoriais dos grandes veículos, movidas por escândalos e tragédias espetaculares, sempre tratadas como "fait-divers", sem causas ou consequências, apenas como show.
O resultado é a criação de um imaginário popular que nivela por baixo toda a atuação política institucionalizada. Seus atores são desacreditados, mesmo aqueles com compromissos sérios, voltados para interesses sociais efetivos.
A definição de uso corrente de que "são todos iguais" reflete essa imagem parcial e deformada da política, criada pela mídia.
No caso específico da televisão, por onde se informa a maioria absoluta da população, a situação é ainda mais grave.
O Brasil é a única grande democracia do mundo onde não existem debates políticos regulares nas redes nacionais abertas.
Só aparecem, por força de lei, às vésperas dos pleitos, reforçando ainda mais a ideia popular de que política resume-se a eleições.
Ao exercerem no cotidiano a criminalização da política, os meios de comunicação, em sua maioria, brincam com o fogo, traçando o caminho mais curto em direção ao golpismo.
Fonte: Carta Maior; artigo publicado inicialmente na Revista do Brasil (Edição de Agosto de 2012)
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Ziraldo defende formato tradicional do livro na Bienal
“O livro é o objeto mais perfeito da história da humanidade”, disse o escritor e cartunista Ziraldo, durante sessão de autógrafos na Bienal do Livro.
Ele comentou que, com o livro, “você carrega a história em suas mãos, sente o cheiro do papel, o tempo que você vira uma página é um tempo que percorre na história. O livro contém vida e isso não pode ser substituído por algo frio e digital“.
A Bienal do Livro foi inaugurada na quinta-feira (9) no Pavilhão de Exposições do Anhembi, e ficará aberta até o dia 19, o próximo domingo, das 10h às 22h.
Neste ano, a Bienal tem como tema “livros transformam o mundo, livros transformam pessoas“, e homenageia os escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues. No total, são 480 expositores, 346 nacionais e 134 internacionais.
Os ingressos valem R$ 12 a inteira e R$ 6 a meia. Linhas gratuitas de ônibus funcionam entre a estação Tietê do Metrô e o Anhembi, e entre o terminal rodoviário da Barra Funda e o Anhembi.
Ele comentou que, com o livro, “você carrega a história em suas mãos, sente o cheiro do papel, o tempo que você vira uma página é um tempo que percorre na história. O livro contém vida e isso não pode ser substituído por algo frio e digital“.
A Bienal do Livro foi inaugurada na quinta-feira (9) no Pavilhão de Exposições do Anhembi, e ficará aberta até o dia 19, o próximo domingo, das 10h às 22h.
Neste ano, a Bienal tem como tema “livros transformam o mundo, livros transformam pessoas“, e homenageia os escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues. No total, são 480 expositores, 346 nacionais e 134 internacionais.
Os ingressos valem R$ 12 a inteira e R$ 6 a meia. Linhas gratuitas de ônibus funcionam entre a estação Tietê do Metrô e o Anhembi, e entre o terminal rodoviário da Barra Funda e o Anhembi.
domingo, 12 de agosto de 2012
Para Dilma, atletas brasileiros em Londres são exemplos para os jovens
- Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff emitiu nota na tarde de hoje (12) saudando a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, com três medalhas de ouro, cinco de prata e nove de bronze, chegando ao fim da disputa na 22ª posição no quadro geral de competições.
No breve comunicado, de três parágrafos, Dilma elogia em especial as conquistas da equipe feminina de vôlei, da judoca Sarah Menezes e do ginasta Arthur Zanetti, os dois últimos com vitórias inéditas nas respectivas categorias. “Nossos atletas mostraram, nas mais diversas modalidades, exemplos de garra, esforço e abnegação e provaram que o Brasil está ajudando a construir, por meio do esporte, exemplos de vida e perseverança para todos os nossos jovens”, finaliza a presidenta.
O último dia de competições em Londres teve uma medalha de prata para o vôlei masculino, derrotado na final pela Rússia por três sets a dois, de virada, e uma surpresa no pentatlo moderno com um inédito bronze para Yane Marques. Com 17 medalhas, o Brasil superou em duas sua melhor marca, obtida em 2008 em Pequim, o que deixou uma perspectiva otimista para daqui a quatro anos, no Rio de Janeiro.
Para o Comitê Olímpico Brasileiro, o saldo final, apesar do crescimento, precisa ser analisado com cautela, em especial devido a modalidades que despertam receio. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, lamentou em especial a falta de medalhas na ginástica artística feminina, atribuída a uma briga política dentro da federação da modalidade. Atletismo, hipismo e taekwondo são outros esportes que a entidade espera melhorar para o Rio, onde se espera alcançar 25 medalhas.
Segundo o COB, o gasto total em Londres foi de R$ 11,6 milhões, o que permitiu pela primeira vez a algumas modalidades brasileiras um centro de treinamento exclusivo, o Crystal Palace. Em todo o ciclo olímpico, o investimento obtido por meio das leis de incentivo ao esporte foi de R$ 331 milhões, contra R$ 230 milhões em Pequim. A entidade calcula que as potências olímpicas invistam em torno do equivalente a R$ 2 bilhões a cada quatro anos.
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff emitiu nota na tarde de hoje (12) saudando a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, com três medalhas de ouro, cinco de prata e nove de bronze, chegando ao fim da disputa na 22ª posição no quadro geral de competições.
No breve comunicado, de três parágrafos, Dilma elogia em especial as conquistas da equipe feminina de vôlei, da judoca Sarah Menezes e do ginasta Arthur Zanetti, os dois últimos com vitórias inéditas nas respectivas categorias. “Nossos atletas mostraram, nas mais diversas modalidades, exemplos de garra, esforço e abnegação e provaram que o Brasil está ajudando a construir, por meio do esporte, exemplos de vida e perseverança para todos os nossos jovens”, finaliza a presidenta.
O último dia de competições em Londres teve uma medalha de prata para o vôlei masculino, derrotado na final pela Rússia por três sets a dois, de virada, e uma surpresa no pentatlo moderno com um inédito bronze para Yane Marques. Com 17 medalhas, o Brasil superou em duas sua melhor marca, obtida em 2008 em Pequim, o que deixou uma perspectiva otimista para daqui a quatro anos, no Rio de Janeiro.
Para o Comitê Olímpico Brasileiro, o saldo final, apesar do crescimento, precisa ser analisado com cautela, em especial devido a modalidades que despertam receio. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, lamentou em especial a falta de medalhas na ginástica artística feminina, atribuída a uma briga política dentro da federação da modalidade. Atletismo, hipismo e taekwondo são outros esportes que a entidade espera melhorar para o Rio, onde se espera alcançar 25 medalhas.
Segundo o COB, o gasto total em Londres foi de R$ 11,6 milhões, o que permitiu pela primeira vez a algumas modalidades brasileiras um centro de treinamento exclusivo, o Crystal Palace. Em todo o ciclo olímpico, o investimento obtido por meio das leis de incentivo ao esporte foi de R$ 331 milhões, contra R$ 230 milhões em Pequim. A entidade calcula que as potências olímpicas invistam em torno do equivalente a R$ 2 bilhões a cada quatro anos.
sábado, 11 de agosto de 2012
Ato de apoio de Ricardo Berzoini às candidaturas de Paulo Malerba, Vereador, e Pedro Bigardi, Prefeito
Aconteceu neste sábado, 11 de agosto, o ato de apoio do deputado federal e ex-ministro do governo Lula, Ricardo Berzoini, às candidaturas de Paulo Malerba a vereador e Pedro Bigardi a prefeito. O evento, que contou com as presenças de Bigardi e Orlato e de vários apoiadores da campanha, teve início na Praça das Mães, no Eloy Chaves, e seguiu por todo o comércio da região, terminando na feira do bairro. Ricardo Berzoini explica que conheceu Paulo Malerba como sindicalista hábil, competente e capaz de agregar as pessoas e formular novas políticas. "Como militante do PT ele tem demonstrado uma grande sensibilidade para tratar dos temas que são mais caros à população, a questão das políticas públicas, da área social e principalmente planejamento urbano. A candidatura dele representa pra mim a esperança de ter um vereador de alta qualidade, uma pessoa que faz política com respeito ao dinheiro público e ao interesse público. Por isso estou trazendo meu apoio e meu carinho à candidatura de Paulo Malerba para que a gente possa, junto com o prefeito Pedro Bigardi, fazer o melhor para o povo de Jundiaí", enfatiza Berzoini.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Veja e Cachoeira: As provas definitivas da parceria
CartaCapital publica na edição que chega às bancas nesta sexta-feira 10 o conteúdo de gravações feitas pela Polícia Federal que mostram a relação profunda do diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Junior, com o quadrilha do bicheiro Carlos Cachoeira.
A relação entre eles aparece em uma série de interceptações telefônicas realizadas durante as operações Vegas e Monte Carlo. O objetivo básico da ligação entre os dois, conforme a reportagem de Leandro Fortes, era manter o fluxo de informações para a revista contra alvos específicos. Em troca, Policarpo informava o grupo de Cachoeira sobre o que seria publicado.
Um momento crucial foi a conversa entre Policarpo e Cachoeira no dia 26 de julho de 2011. O jornalista pede ao contraventor para grampear um parlamentar da base governista, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO). Em suma, o diretor da Veja queria saber o que Arantes conversava com os dirigentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao ministério da Agricultura.
Na próxima quarta-feira 14, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), deve ir ao plenário da CPI do Cachoeira para apresentar um requerimento de convocação de Policarpo com base nas informações da Polícia Federal.
A relação entre eles aparece em uma série de interceptações telefônicas realizadas durante as operações Vegas e Monte Carlo. O objetivo básico da ligação entre os dois, conforme a reportagem de Leandro Fortes, era manter o fluxo de informações para a revista contra alvos específicos. Em troca, Policarpo informava o grupo de Cachoeira sobre o que seria publicado.
Um momento crucial foi a conversa entre Policarpo e Cachoeira no dia 26 de julho de 2011. O jornalista pede ao contraventor para grampear um parlamentar da base governista, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO). Em suma, o diretor da Veja queria saber o que Arantes conversava com os dirigentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao ministério da Agricultura.
Na próxima quarta-feira 14, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), deve ir ao plenário da CPI do Cachoeira para apresentar um requerimento de convocação de Policarpo com base nas informações da Polícia Federal.
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