A atriz Juliette Binoche em "Elles" |
A jornalista Anne prepara uma reportagem para a importante revista feminina “Elle” a respeito de jovens estudantes universitárias em Paris, na França, que se prostituem para pagar os estudos e conseguirem comprar os artigos de luxo com os quais sonham. Ao entrar em contato com Alicja e Charlotte. Porém, ela não imagina que entrevistá-las a fará rever tantos conceitos importantes de sua própria vida.
As histórias de Alicja e Charlotte são descritas com detalhes e, em algumas cenas, com tantos requintes de crueldade, que talvez nem mesmo o escritor francês Marquês de Sade seria capaz de descrever em seus romances do século XVIII. É possível até estabelecer um diálogo com o ótimo livro da psicanalista e historiadora também francesa Elisabeth Roudinesco, a respeito da crueldade –“A Parte Obscura de Nós Mesmos: Uma História dos Perversos”.
Em meio aos afazeres domésticos, lindamente filmadas, Anne se vê totalmente conquistada por Alicja e Charlotte, a tal ponto de se permitir beber vodca com uma delas, imigrante da Polônia (Joanna Kulig); e penetrar na intimidade da outra (a linda e meiga Anais Demoustier).
A diretora polonesa Malgoska Szumowska consegue penetrar num universo que permanece extremamente machista e hipócrita, e obtém dali um filme absolutamente encantador e provocador. As cenas aparecem em total sincronia com a trilha musical, criada por Pawel Mykietyn, que mistura música erudita com a música popular francesa.
Portanto, “Elles” não é apenas um ótimo filme, também em função de contar com ótimas atuações, mas leva o espectador a reflexões importantes a respeito da sociedade atual, uma vez que a realidade das jovens garotas de programa permanece a mesma praticamente no mundo todo.
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