quinta-feira, 28 de março de 2013

“Fórum do Trabalho” ocorreu em Jundiaí com debate de alta qualidade


Ontem (27/03) aconteceu a primeira edição do Fórum do Trabalho na Câmara Municipal de Jundiaí. Iniciativa do mandato do vereador Paulo Malerba, contou com o apoio da subsede da CUT, Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Servidores e Sindicato dos Gráficos. 

Além destes, participaram do evento os presidentes e diretores de diversas outras entidades, como a OAB, Sindicato dos Químicos, Sindicato dos Servidores Públicos de Bragança Paulista, Sindicato dos Engenheiros e AFUSE.  O vereador Valdeci Vilar (PTB) prestigiou o Fórum do Trabalho. Os diretores de Desenvolvimento Econômico, Gilson Pichioli e de Assuntos Fundiários da Prefeitura de Jundiaí, Sérgio Dutra, também estiverem presentes. Entre dirigentes sindicais e representantes do poder público, muitos cidadãos acompanharam o evento. 

Os dois debatedores foram o professor livre-docente da USP e juiz do trabalho, Jorge Luiz Souto Maior, e Gilmar Carneiro, que foi Secretário Geral da CUT nacional, Presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo,  um dos fundadores do PT e atualmente é assessor especial da Presidência da CUT. O presidente da CUT, Vagner Freitas, que estaria presente, foi chamado para uma reunião com o Ministro do Trabalho no mesmo horário e teve que adiar sua participação. 

(Abaixo faremos uma suscinta descrição da participação dos palestrantes, que pode conter pequenas imprecisões, pois não trata-se de uma transcrição).

O primeiro debatedor a usar a palavra foi Gilmar Carneiro, que destacou a importância do evento em Jundiaí e ressaltou que participar desta mesa de debate é estimulante. Para ele, o grande desafio a ser enfretado é a existência de Emprego e do Trabalho que gerem renda, estabilidade e perspectiva de vida, desta forma, garantindo qualidade de vida para o trabalhador e sua família. Esta qualidade de vida amplia a perspectiva do desafio, pois para se consolidar é necessário garantir moradia, educação, transporte, alimentação, saúde, lazer e cultura, inclusive levando em conta o envelhecimento da população. 

Gilmar enfatizou a importância da sociedade organizada para isso, pois nenhum partido representa o conjunto da sociedade, portanto torna-se imperativa a existência de sindicatos, associações, igrejas, entre outras, que atuem de maneira lúcida, consciente e solidária para assegurar políticas públicas e democracia participativa. Por fim, considerou que é fundamental uma Nova Constituição no contexto de uma sociedade democrática e que aponte para o futuro, além de novos códigos sociais, incluindo a CLT, o Judiciário e a Mídia, a legislação partidária e as formas de representação e participação. 

Em seguida Jorge Luiz Souto Maior utilizou a palavra, onde ressaltou que o debate dos temas é fundamental, pois não basta querer encaminhar demandas e soluções, precisa discutir os desafios e envolver a sociedade nesta temática para viabilizá-las. Para Souto Maior é necessário mudar a perspectiva de análise e atuação a fim de se identificar e enfrentar os desafios do mundo do trabalho. A visão deve ser a partir do trabalhador, mas deve-se atuar na lógica do sistema capitalista, ou seja da economia e da eficiência. Se o sistema capitalista não é capaz de garantir de maneira eficiente os direitos sociais e a dignidade humana, ele não serve à sociedade. Deste modo, ele deve ser repensado para atingir os objetivos de assegurar às pessoas a dignidade e os seus direitos. O magistrado afirma que não se pode buscar resolver os problemas do capitalismo, suas crises, retirando direitos dos trabalhadores, avançando sobre conquistas realizadas à duras penas. As formas de se organizar o capitalismo não podem ser feitas aos custos das garantias dos trabalhadores, que, ainda assim, sofrem com uma série de situações precárias de trabalho. Esta, segundo ele, é a saída mais fácil. 

Um dos graves problemas por ele identificado refere-se à terceirização, entendida como maneira de segregar as pessoas, pois os terceirizados recebem salários e um conjunto de direitos inferiores aos demais trabalhadores. Ao fazer esta crítica ele também a direcionou ao setor público, nos três poderes, que insistem nesta forma precária de contratação. Com exemplos concretos, classificou alguns casos como desumanos, como de alguns vigilantes que chegam a trabalhar doze horas por dia durante períodos superiores a duas semanas.

Ao rememorar da PEC 66/2012, conhecida como PEC das domésticas, que estendeu às empregadas domésticas direitos garantidos aos demais trabalhadores na CLT, Souto Maior disse que é um avanço, mas que, por incrível que pareça ainda enfrenta constrangimento diante de setores da sociedade, que são empregadores e que são contrários à lei por meros interesses pessoais, para economizar com os encargos sociais a serem recolhidos. Para ele, o chamado pleno emprego em que vive o Brasil não pode omitir este tipo de situação, de contratações atípicas e precárias, que devem ser enfrentadas.

Estes foram breves resumos das falas de ambos debatedores. Após a exposição foi aberto o microfone para perguntas da plateia e por outras duas vezes os convidados voltaram a discutir os temas colocados. Em outra postagem colocamos novos trechos do debate.

Para Souto Maior, a iniciativa do “Fórum do Trabalho” foi de grande importância e ficou bastante satisfeito com o resultado do debate e com a oportunidade de discutir temas do mundo do trabalho com setores do movimento sindical e cidadãos da cidade. Colocou-se à disposição para indicar novos debatedores para as próximas edições. Afirmou ainda, que terá prazer em participar na platéia dos próximos debates a serem realizados.


Gilmar Carneiro teve análise similar sobre os resultados do “Fórum do Trabalho”, destacou a ligação que possui com a cidade e que foi uma grande honra participar do debate, que, segundo ele, ocorreu em alto nível e propiciou discussões importantes para os trabalhadores e para a sociedade, vista de maneira mais ampla. Considera que é fundamental este tipo de discussão para viabilizar avanços na cidade nesta área.

O próximo Fórum acontecerá em maio. Acompanhe as iniciativas do mandato pelo https://www.facebook.com/pauloeduardo.malerba, pelo https://twitter.com/pauloemalerba e por este blog.

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